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Por Redação O Sul | 7 de junho de 2016
Uma universidade nos Estados Unidos alega que uma de suas alunas, estuprada durante um programa de intercâmbio em Porto Rico, tem parte da responsabilidade pelo ataque porque bebeu naquela noite e escolheu entrar no elevador com um estranho.
Os argumentos são dos advogados que representam o Worcester Polytechnic Institute, em Massachusetts. A escola está sendo processada pela aluna por não fornecer um ambiente seguro para os estudantes: o crime aconteceu no prédio de um dormitório, e o estuprador era um segurança do local. Os documentos do processo foram conseguidos pelo jornal “Boston Globe”, primeiro a divulgar o caso.
O ataque ocorreu em abril de 2012. A mulher, que não foi identificada para preservar a sua identidade, era aluna da universidade na época, estudando em uma programa de pesquisa em Porto Rico por dois meses. Ela e outros estudantes estavam morando em um condomínio na capital, San Juan, parte do qual foi alugado pela universidade. A residência no local era obrigatória.
Em uma noite, a aluna e seus colegas saíram e foram a um bar, onde ela tomou apenas um drinque. Na volta, a mulher foi atacada por um segurança do prédio em um terraço do local após ele segui-la e entrar no elevador com ela. O homem, um ex-policial expulso da força por vender munições, foi condenado e está cumprindo uma sentença de 20 anos em Porto Rico.
A mulher e sua família abriram um processo contra a universidade em 2015 por não fornecer um ambiente seguro para os alunos, já que o estupro ocorreu no prédio que servia de dormitório da universidade. Segundo ela, é equivalente a se tivesse ocorrido no campus.
Em seu depoimento ao tribunal, advogados do instituto perguntaram se a vítima havia bebido e se seus pais a tinham ensinado a “não aceitar presentes de estranhos” ou como se proteger de um ataque sexual. Ela respondeu que esperava ser protegida por um segurança, não atacada.
Um dos advogados então pergunta: “Então você achou que não havia problema em subir no elevador com ele, apesar de sentir que a situação era estranha? Um homem que você não sabia o nome, nada de quem ele era, você não acha que isso era comportamento de risco?”
A família e a vítima se queixaram ao tribunal, dizendo que os argumentos da universidade são apenas tentativas de assediar, intimidar e culpar a vítima.
“Quando você diz que uma vitima de estupro causou o próprio estupro, é uma coisa tão ofensiva que não tenho palavras”, disse em entrevista ao Boston Globe Colby Bruno, advogada que está ajudando no caso. Já a universidade afirma nos documentos que não está tentando culpar a vítima, apenas enfrentando a alegação de que a escola foi negligente na proteção dos estudantes. (AG)