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Por Redação O Sul | 27 de julho de 2024
A Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) da Venezuela anunciou o fechamento das fronteiras para o deslocamento de pessoas e veículos. A medida, segundo o comunicado, ocorre por ocasião das eleições presidenciais que ocorre neste domingo (28). Após o anúncio, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, denunciou que um avião que transportava ex-presidentes não foi autorizado a decolar no Aeroporto Internacional de Tocumen para acompanhar o processo eleitoral venezuelano. Também detiveram uma delegação de dez membros do Partido Popular (PP) espanhol no aeroporto de Caracas, segundo o líder da sigla, Alberto Núñez Feijóo.
Segundo publicado pelo El País, na aeronave estavam a ex-presidente do Panamá Mireya Moscoso (1999-2004) e o ex-presidente do México Vicente Fox (2000-2006), além de outros antigos chefes de Estado. A medida ocorre em meio a preocupação do governo do Brasil e de outros países da região com a condução do processo eleitoral na Venezuela – e após a administração do líder venezuelano, Nicolás Maduro, impedir a participação de diversos candidatos da oposição no pleito.
Após a denúncia do presidente panamenho, o ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martínez Acha, disse que convocou a missão diplomática da Venezuela no País para explicar por que as autoridades venezuelanas não permitiram a decolagem do avião. Em entrevista coletiva, o chanceler afirmou que “o governo da Venezuela bloqueou o espaço aéreo de seu País para a empresa Copa Airlines”.
“O governo da Venezuela reteve um avião da Copa que fazia a rota Caracas-Panamá, e também não deixou decolar um voo que fazia a rota Panamá-Caracas devido a um incidente com passageiros destacados. A República do Panamá respeita os processos democráticos internos da Venezuela, mas não pode permitir que aviões de sua companhia aérea de bandeira com panamenhos a bordo sejam retidos por questões políticas alheias ao Panamá”, disse Martínez Acha.
Pouco depois, Feijóo denunciou no X sobre a delegação de seu partido detida no aeroporto de Caracas. “Exijo a sua libertação imediata e que o Governo da Espanha tome as medidas necessárias para esse fim”, escreveu Feijóo.
A ex-presidenta do Chile e ex-alta comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, publicou uma carta aberta sobre as eleições venezuelanas, apelando às autoridades para garantirem o respeito aos direitos humanos de todos os cidadãos, independentemente de suas afiliações políticas. “As eleições presidenciais que serão realizadas neste domingo representam uma oportunidade para que a Venezuela avance em direção a um futuro mais estável e democrático”, escreveu em comunicado.
Controle rigoroso
Na quinta-feira da semana passada, uma resolução emitida pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores venezuelano indicava o estabelecimento de um “controle rigoroso” do “deslocamento fronteiriço de pessoas, tanto por via terrestre quanto pelas vias aérea e marítima, assim como da passagem de pessoas”. O documento, no entanto, não fazia referência a nenhum tipo de fechamento.
De acordo com Domingo Hernández Lárez, o comandante estratégico operacional da FANB, a medida começou a ser aplicada às 00h01 no horário local (01h01 em Brasília) e se estenderá até 8h da próxima segunda-feira – ainda que a resolução conjunta dos ministérios tenha indicado que seria até 23h59 do dia 29. Segundo Hernández, a medida busca “resguardar a inviolabilidade das fronteiras e prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança” do País.
“Os órgãos de segurança e apoio têm o dever de implementar as medidas especiais que proporcionem a devida proteção às cidadãs e cidadãos para garantir seu direito de participar na eleição presidencial no próximo dia 28 de julho”, escreveu o comandante.
O fechamento das fronteiras também ocorre pouco mais de uma semana após o Maduro afirmar, num comício de campanha, que o País pode enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reeleito. No mesmo discurso, o mandatário convidou seus eleitores a festejar nas ruas no dia 28 de julho, quando prevê “resultados irreversíveis” a seu favor, embora as pesquisas apontem o diplomata Edmundo González Urrutia, candidato de consenso da oposição para enfrentar Maduro nas eleições presidenciais, como favorito. As informações são do O Globo.