Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2019
A rede de proteção à criança e ao adolescente, Hospital Pequeno Príncipe, recebeu, no ano de 2018, 586 crianças vítimas de algum tipo de violência. Deste número, em 76% dos casos, elas foram violentadas dentro da própria casa.
A psicóloga do Hospital Pequeno Príncipe, Daniela Prestes, é uma das responsáveis por atender a crianças e adolescentes vítimas de violências e comenta as dificuldades de denunciar. “Até os sete anos de idade as crianças ainda não entendem ao certo os sentidos figurados; estão exercitando essa linguagem, por isso, devemos desmistificar a ideia de que o agressor é um monstro. Por vezes, a dificuldade da denúncia pode estar atrelada a isso – como o tio querido por toda a família é um monstro? Como o padrasto tão carinhoso com a mãe é um monstro? O primo que promove os churrascos familiares pode ser um monstro?”, diz a especialista.
No dia 18 de maio, é comemorado o dia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes e, com a proximidade da data, aumenta a mobilização para que a sociedade de conscientize sobre os meninos e meninas vítimas de violências psicológica, física e sexual. Essa última, correspondente a 56% dos casos que vitimam as meninas, em sua maioria (73%).
Casos
Um bebê de 10 dias deu entrada no Hospital Pequeno Príncipe com traumatismo craniano. As causas poderiam ser muitas, mas ele faz parte dessa estatística: é a criança mais nova recebida em 2018 vítima de violência física. A vítima mais nova de violência sexual tinha três meses.
Dependendo da idade, as crianças não sabem se comunicar verbalmente e, por isso, é de extrema importância, conforme Daniela, que as pessoas próximas percebam mudanças de comportamento, marcas pelo corpo ou indícios de que ela está sofrendo algum tipo de agressão. “Muita gente acha que os pais são ‘donos’ da criança. Mas isso não é verdade. É responsabilidade de toda sociedade proteger estas crianças e adolescentes”, lembra a psicóloga.