Segunda-feira, 14 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2019
A solução para a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, deve sair em breve, segundo o presidente da Ford para a América do Sul, Lyle Watters. A montadora americana decidiu fechar a unidade, a primeira construída no Brasil, em fevereiro deste ano. As informações são do jornal Valor Econômico.
“Dentro de poucas semanas teremos uma solução para essa unidade. Tenho consciência de que o prazo está acabando, mas esse novo acordo tem que ser bom para as duas partes”, disse o executivo durante a apresentação do Territory, um SUV que será importado da China a partir do próximo ano.
Desde o anúncio do fechamento da fábrica, há negociações com a Caoa, que representa as marcas Hyundai e Chery no país. A empresa brasileira, inclusive, mantém duas fábricas no país, uma em Anápolis (GO), que monta os veículos da Hyundai e Chery, e uma em Jacareí (SP), onde produz modelos só da Chery.
O executivo ressaltou, no entanto, que a Ford está aberta a negociações com outros interessados. “Estou otimista quanto a um desfecho positivo e que vamos encontrar um comprador, mas nenhum acordo está selado até termos a assinatura definitiva de venda. O acordo tem que ser bom para as duas partes. Mas, tenho consciência de que o prazo está se esgotando”, afirmou Watters.
A Ford já dispensou 750 funcionários no dia 31 de julho que trabalhavam na linha de montagem do Fiesta. O modelo deixou de ser produzido em junho. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em fevereiro cerca de 250 pessoas já haviam deixado a empresa entrando no plano de demissão voluntária. Hoje, trabalham na unidade cerca de mil empregados que estão na linha de montagem de caminhões da montadora americana.
A Ford anunciou em fevereiro que fecharia a fábrica, após decisão da matriz nos Estados Unidos que não viu oportunidades de lucratividade na operação e decidiu abandonar o negócio de caminhões no país. A produção de automóveis será concentrada na fábrica de Camaçari (BA).
No fim de abril, trabalhadores da Ford aprovaram, em assembleia, acordo feito entre o sindicato e a empresa que prevê indenizações de 1,5 a dois salários extras por ano trabalhado como compensação pelo fechamento da fábrica, além de todos os direitos previstos na lei trabalhista.
O cronograma anunciado em fevereiro prevê que a companhia deve encerrar as atividades na fábrica em outubro e novembro deste ano. “A mensagem é que ainda estamos negociando com a Caoa e, por enquanto, mantemos os nossos planos de encerrar a produção em outubro e novembro. E vou manter a minha palavra”, ressaltou Watters. Procurada, a Caoa informou que não há novidades sobre esse assunto.
As declarações foram dadas durante a apresentação do SUV Territory que chegará ao Brasil em 2020. O carro, que deve concorrer com o Jeep Compass, tem na China a sua base de produção mundial. “Por enquanto vamos importá-lo da China. Não há estudos para produção na América do Sul. A nossa equipe de engenharia está trabalhando em modificações do modelo para o mercado brasileiro e argentino”, disse o vice-presidente para a América do Sul, Rogelio Golfarb.
Na região, a Ford produz o Ka, Ecosport, no Brasil, e a picape Ranger, na Argentina. O presidente da Ford Argentina, Gabriel López, disse que a fábrica de Pacheco opera com 60% de sua capacidade. “Na realidade o custo de produção na China é menor que na América do Sul, mas temos as despesas com frete e impostos que pesam nessa conta. Ocorre que ainda não temos um estudo para produção local.”
Durante a apresentação do carro, López disse estar “feliz com a possibilidade de trazer o modelo para a Argentina.” Ele disse que a cooperação entre os países é fundamental para a operação da montadora na região e que o governo daquele país está trabalhando para a saída da recessão. “Estamos nos preparando para esse novo momento da Argentina.”