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Por Redação O Sul | 28 de março de 2019
O Parlamento do Reino Unido deve votar nesta sexta-feira (29), pela terceira vez, o acordo sobre o Brexit firmado entre a primeira-ministra Theresa May e a União Europeia, no fim do ano passado. No entanto, a declaração política da proposta – uma parte que define que tipo de relação o país deve ter com o bloco após deixá-lo – vai ficar de fora da votação.
Isso porque o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, vetou uma nova votação da mesma proposta. Com a retirada da declaração política, o chefe da Casa admitiu que a medida já difere das apresentadas e recusadas anteriormente e, portanto, autorizou uma nova sessão.
Assim, os parlamentares vão votar apenas os planos que May costurou com a União Europeia no ano passado sobre temas como a fronteira com a Irlanda e os direitos dos cidadãos britânicos. O texto do acordo também inclui a chamada “conta do divórcio” – o montante que o Reino Unido deverá pagar ao bloco por deixá-lo.
A expectativa do governo britânico é que, com a aprovação do acordo – mesmo sem a declaração política –, a União Europeia autorize que o Reino Unido prorrogue a data de saída do bloco para 22 de maio. Se isso não ocorrer, o prazo para o Brexit continua fixado em 12 de abril.
Estratégia de Theresa May
Como uma última cartada para convencer os parlamentares a aprovarem o acordo com a União Europeia, a primeira-ministra britânica prometeu deixar o cargo assim que a proposta for aprovada pelo Parlamento.
Opositores e até colegas de Theresa May no Partido Conservador têm pressionado a premiê a deixar o cargo pelo fracasso nas negociações internas sobre o Brexit. Os parlamentares rejeitaram em duas votações – uma em janeiro e outra em março – o acordo firmado pela chefe do governo com o bloco europeu.
No entanto, após o Parlamento rejeitar todas as oito propostas alternativas para o Brexit na quarta-feira, a chance de May convencer os colegas sobre o acordo voltou à tona. Até porque há o temor de que o Reino Unido saia do bloco sem acordo nenhum – um cenário temido por economistas devido à incerteza.
A União Europeia, do outro lado, já se mostrou descontente com a possibilidade de rever os termos do acordo. May tentou, diversas vezes neste ano, convencer os líderes europeus a revisarem o texto da proposta, mas teve pouco sucesso.
Cenário
Depois da rejeição das oito propostas, alguns cenários apareceram para os próximos dias. Todos foram recusados alguma vez durante todo o processo do Brexit, mas podem voltar à tona enquanto durar o impasse. Veja abaixo:
1. May consegue convencer os parlamentares a votar mais uma vez – e a aprovar – o acordo costurado em 2018 com a União Europeia;
2. Um novo referendo é convocado para validar as decisões do Parlamento – e, em uma hipótese mais distante, revogar a decisão da primeira consulta popular e cancelar o Brexit;
3. O impasse continua, a data de saída da União Europeia chega, e o Brexit ocorre sem acordo nenhum;
Uma nova proposta é apresentada pelo Reino Unido à União Europeia – e aceita – antes de 12 de abril, e um novo adiamento do Brexit é concedido.