Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2019
A revolução não será tuitada. O Twitter bloqueou as contas do líder do Partido Comunista cubano Raúl Castro, de sua filha Mariela Castro e dos principais meios de comunicação estatais da ilha, em um movimento que a União Cubana de Jornalistas denunciou como “censura maciça”. As informações são das agências de notícias Reuters e AFP.
Dezenas de perfis de jornalistas da mídia estatal, bem como a conta oficial do Ministério das Comunicações, foram bloqueadas na noite de quarta-feira (11).
O Twitter não explicou os motivos nem advertiu antecipadamente sobre a medida, segundo a imprensa estatal. A empresa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A plataforma já havia suspendido contas individuais de jornalistas no passado, que foram posteriormente recuperadas.
A medida ocorreu no momento em que o dirigente Miguel Díaz-Canel falava ao país via TV estatal, alertando para uma crise de energia devido a sanções dos EUA.
“O que há de novo aqui é o escopo maciço desse ato de guerra cibernética, claramente planejado, que visa a limitar a liberdade de expressão de instituições e cidadãos cubanos e silenciar os líderes da revolução”, afirmou em comunicado.
Alguns jornalistas locais independentes comentaram ironicamente o fato de que autoridades de um Estado de partido único, que detém o monopólio da imprensa, reclamaram de censura.
O jornalismo independente em Cuba não é legal, e os sites de vários veículos alternativos críticos ao governo estão bloqueados na ilha.
Os moradores precisam usar redes privadas virtuais (VPNs) para acessá-los, um sistema que permite que o bloqueio seja ultrapassado.
“A imprensa oficial cubana descobre ‘liberdade de expressão’ graças ao Twitter”, escreveu 14ymedio, o canal de notícias digital administrado pela proeminente dissidente Yoani Sánchez.
Cuba apareceu nesta semana na lista dos dez países do mundo nos quais a imprensa é mais censurada pelo governo.
Foi o único país das Américas a figurar no ranking do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), organização norte-americana sem fins lucrativos que promove a liberdade de imprensa.
Por muito tempo um dos países menos conectados do mundo, Cuba vem expandindo rapidamente o acesso a internet nos últimos anos.
Autoridades cubanas entraram no Twitter no ano passado, depois que Díaz-Canel abriu uma conta na rede social.
Operação
O Ministério da Cultura considerou ter havido uma “operação do Twitter made in EUA para tentar silenciar Cuba” e denunciou que a rede social “censurou” as contas de vários de seus vice-ministros, além de que “muitas outras contas foram bloqueadas”.
Durante a fala do presidente, o “Twitter suspendeu as contas dos principais veículos e operadores de informação em Cuba”, informou a chancelaria cubana nesta rede social.
“Em uma evidente operação orquestrada, tentou-se limitar os pronunciamentos dos revolucionários a favor da verdade”, acrescentou. O corte de contas ocorreu enquanto o presidente cubano apontava Washington como responsável pela falta de combustível, por suas sanções contra a ilha.