Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de agosto de 2019
Ao concluir uma visita de três dias a São Paulo e Brasília, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, fez uma revelação importante: o governo americano compartilhou “informações reservadas” com “pessoas relevantes” no Brasil para expor como vulnerabilidades das redes 5G podem afetar sistemas de segurança dos países. As informações são do jornal Valor Econômico.
“Exortamos todos os países a ficarem muito, muito atentos”, disse Ross, em meio às tensões comerciais com a China, que envolvem não apenas tarifas, mas padrões tecnológicos. “A interconectividade das coisas é maravilhosa, mas cria vulnerabilidades. Para lidar com uma tecnologia tão transformadora, deve-se estar consciente dos riscos e das oportunidades.”
A advertência do secretário americano ocorre menos de dois meses após viagem do vice-presidente Hamilton Mourão a Pequim. Depois da passagem pela China, Mourão informou que estava descartado um eventual veto à presença da Huawei no Brasil.
No único contato com a imprensa brasileira, Ross procurou baixar as expectativas de um acordo de livre-comércio entre Mercosul e EUA. Para ele, não há que se esperar um exercício de dez minutos e ainda não está decidido se serão dados pequenos passos ou um grande salto – ou seja, um acordo mais abrangente ou entendimentos setoriais.
“Temos uma boa química entre os presidentes Trump e Bolsonaro. Essa é a gênese da coisa toda”, afirmou Ross, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista.
– 1) O ministro Paulo Guedes disse que Brasil e EUA estão iniciando oficialmente negociações comerciais. O governo americano está pronto para começar discussões que envolvam a eliminação de tarifas ou prefere ficar em discussões sobre convergência regulatória e setores específicos? “Você deve ter visto as palavras do presidente Trump no início desta semana. Ele está ansioso por essas negociações. Mas você também deve ser ciente de que discussões comerciais são muito complicadas. Foram 20 anos de negociação entre Mercosul e União Europeia. As pessoas não devem esperar que isso será um exercício de dez minutos, duas semanas ou dois meses. É um processo. Por status, nos EUA, o detalhamento das negociações é conduzido pelo USTR [escritório de representação comercial dos EUA]. Ele tem uma equipe de 200 pessoas dedicadas a isso. Há muitas questões que precisam ser examinadas, muitos detalhes a serem colocados em apreciação. O importante a ressaltar é que temos uma química muito boa entre os presidentes Trump e Bolsonaro. Essa é a gênese da coisa toda. É difícil negociar acordos complicados se você não confia na outra parte. Eles construíram uma relação de confiança e afeto mútuo. É um excelente pontapé inicial.”
– 2) De qualquer forma, há disposição do lado americano de negociar um acordo amplo e abrangente, como disseram funcionários brasileiros? “O que não devemos é pré-julgar, dizer de antemão se teremos uma série de pequenos passos ou um grande passo. São detalhes técnicos e é prematuro responder agora.”
– 3) Seria crucial, para um acordo comercial e para as relações dos EUA com a região, ter Mauricio Macri reeleito na Argentina? “[Risos] Como você sabe, os presidentes Trump e Macri têm um relacionamento muito bom… Não é segredo nenhum que há respeito e afeição entre eles. Isso continua.”
– 4) Trump já mencionou como é difícil, para as empresas americanas, fazer negócios no Brasil. O sr. poderia dizer quais são os exemplos que mais preocupam Washington? “O mais importante são as soluções. Sempre soubemos que o Brasil é um país protecionista. Os brasileiros sabem disso, e os americanos, também. Não é novidade. A novidade é o desejo de resolver isso e mover-se em direção a um ambiente de livre-comércio.”