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Mundo Os últimos capítulos sombrios da crise argentina

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Uma "falha massiva" no sistema de interconexão elétrica deixou toda a Argentina e o Uruguai sem energia elétrica. (Foto: Reprodução/Twitter)

Recessão, inflação altíssima, o maior desemprego desde 2006 e crises de abastecimento de energia elétrica estão entre os últimos capítulos da crise no país vizinho. Cenário ruim para o presidente Mauricio Macri, que buscará a reeleição contra Alberto Férnandez, que lidera a chapa peronista ao lado da ex-presidente Cristina Kirchner.

Inflação 

Em maio, a Argentina continuou em segundo lugar entre os países com os índices de inflação mais elevados das Américas, com um acumulado de 57,3% nos 12 meses anteriores — índice mais elevado desde 1991 —, e na terceira colocação mundial.

Na pole position, em uma posição que a torna hors concours inflacionária no planeta, está a Venezuela, com um acumulado de 1.304.000% (e uma previsão de quase 10.000.000% para este ano), a maior inflação das Américas e de todo o planeta. Em segundo lugar está o Zimbábue, na África, com 75,9%. No entanto, a inflação argentina está acima do Sudão do Sul, país africano ainda abalado pelos efeitos da recente guerra secessionista, que tem uma escalada de preços de 56,1% acumulados. No quinto lugar mundial, está o Irã, com 51,4%.

A inflação argentina de maio foi de 3,1% — abaixo dos índices registrados em março, quando chegou a 4,7%, e abril, quando foi de 3,4%. O governo Macri respirou aliviado quando viu que o índice havia caído. No entanto, os 3,1% de maio são mais elevados do que as inflações anuais de países como o Chile, o Peru ou a Bolívia.

Queda do PIB

A novela da crise argentina completou no primeiro trimestre de 2019 mais um capítulo sombrio ao registrar uma queda de 5,8% do PIB. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, o país acumula cinco trimestres consecutivos de encolhimento da economia em comparação com o período anterior. Os números do Indec indicam que o consumo privado teve uma queda de 10,5% no primeiro trimestre. O problema é que esse setor é o grande motor da economia argentina, já que representa 75% do PIB do país.

A construção caiu 6,8%; o comércio teve uma queda de 12,6%, a indústria de manufaturas sofreu uma redução de 10,8%. Somente a agricultura e gado registraram alta, de 7,7%.

Maior desemprego

Com a recessão e a queda do consumo, as empresas estão despedindo funcionários de forma contínua. Dessa forma, o desemprego continua crescendo, estimulando a irritação sobre a gestão do presidente Macri na área econômica. Entre o primeiro trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, o índice de pessoas desempregadas aumentou de 9,1% para 10,1%. Isso indica que existem 1,92 milhão de desempregados nas áreas urbanas, 220 mil a mais do que no ano passado.

Essa é a maior proporção de desempregados desde o terceiro trimestre de 2006, época na qual governava o então presidente Néstor Kirchner (2003-2007). A faixa etária mais atingida é a de pessoas entre os 18 e 29 anos de idade, especialmente na área de construção civil, indústria e comércio.

Sem carteira assinada

O índice de emprego caiu de 42.4% para 42,3%. Isto é, atualmente existem 17,2 milhões de pessoas empregadas. Desse total, 13 milhões são assalariados. E entre eles, existem 4,6 milhões de pessoas (35% dos trabalhadores) que não contam com carteira assinada. Em resumo: aposentadoria, indenizações trabalhistas, férias pagas, entre outros direitos. Essa proporção, desde os anos 90, tem oscilado entre os 35% e 39% dos trabalhadores. Nenhum governo, peronista ou não-peronista, conseguiu resolver este problema.

Apagão recorde

Em 16 de junho, domingo, os argentinos que estavam acordados às 7h viram suas luzes se apagarem. Os que tiveram sorte, recuperaram a energia elétrica ao redor das 13h. Mas o país só voltou a normalizar o abastecimento às 22h.

Os apagões de grande magnitude foram frequentes na Argentina a partir de 1999. No entanto, haviam quase sempre afetado a cidade de Buenos Aires e sua área metropolitana. Dessa vez, o país inteiro foi atingido. Ou melhor, quase totalmente afetado, já que a província de Terra do Fogo, uma ilha separada da Argentina pelo Estreito de Magalhães, conta com abastecimento próprio. A sorte dos argentinos é que o blecaute ocorreu em um domingo e não em um dia de semana. Se tivesse sido em um dia útil, as perdas para a economia teriam atingido US$ 1 bilhão pela paralisação total das empresas durante uma jornada. Os cálculos indicam que, neste domingo (23), as perdas causadas pelo apagão foram de US$ 300 milhões.

A oposição kirchnerista criticou o governo Macri pelo apagão afirmando que milhões de argentinos ficaram sem energia elétrica apesar das tarifas elevadas que estão pagando desde 2015. Aliados do governo Macri retrucaram, afirmando que o sistema elétrico está antiquado devido à ausência de investimentos durante os 12 anos de peronismo-kirchnerista.

 

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https://www.osul.com.br/os-ultimos-capitulos-sombrios-da-crise-argentina/ Os últimos capítulos sombrios da crise argentina 2019-06-23
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