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Por Redação O Sul | 16 de maio de 2018
A OMS (Organização Mundial da Saúde) publicou, pela primeira vez, uma lista com 113 diagnósticos aos quais todas as pessoas deveriam ter acesso. Tratam-se dos testes mais comuns, como para detecção do HIV (Aids) e diabetes, até de doenças prioritárias para o combate global, a exemplo da malária.
Os testes são recomendações e não têm o poder de serem obrigatórios: as decisões da OMS, entretanto, servem para justificar e validar políticas de saúde de governos locais. Esse documento chega para complementar outra do mesmo órgão internacional: a de medicamentos essenciais, que existe há mais de quatro décadas.
A lista foi elaborada entre os dias 16 e 20 de abril desse ano em reuniões com 19 especialistas na sede da OMS em Genebra (Suíça). A iniciativa é importante por motivos que vão desde ao tratamento a um melhor uso de recursos. A ausência de testes de rotina para HIV e tuberculose, por exemplo, podem deixar as doenças mais difíceis de tratar e facilitar sua disseminação.
Hoje, os tratamentos antirretrovirais contra o HIV, por exemplo, têm o poder de deixar a carga viral tão baixa que pessoas soropositivos para o vírus perdem o potencial de infectar outras.
Outro ponto é que a ausência de diagnóstico atrasa tratamentos: a OMS estima, por exemplo, que 46% dos adultos mundialmente não receberam o diagnóstico para a diabetes tipo 2. A condição pode levar à cegueira e à amputação se não tratada — juntamente com outras consequências tóxicas para o organismo.
“Um diagnóstico preciso é o primeiro passo para obter um tratamento eficaz”, diz o Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em nota. “Ninguém deveria sofrer ou morrer por falta diagnóstico, ou porque os testes certos não estavam disponíveis.”
Avaliação
Os 113 testes são divididos em dois grupos: 58 para o diagnóstico de condições comuns, como o rastreamento de sangue e urina; e os outros 55 para doenças prioritárias para o monitoramento e controle, como HIV, tuberculose, malária, hepatites B e C, HPV e sífilis. Confira alguns;
– Hemoglobina – para detecção de anemia;
– Contagem de glóbulos brancos – para detecção de infecções;
– Albumina – para detectar má nutrição, doenças do fígado e do rim;
– Glicose – para diagnosticar diabetes e hipoglicemia;
– Hemoglobina glicada – para monitorar diabetes;
– Diagnósticos para Hepatite B;
– Diagnósticos para Hepatite C;
– Testes para HIV;
– Testes para malária;
– Testes para tuberculose (a depender das condições laboratoriais, pode incluir mapeamento para bactérias resistentes);
– Testes para sífilis;
– Testes de eletrólitos (monitoramento de danos a órgãos) ;
– Proteína C-Reativa (para detectar inflamações; também é um indicador de doença cardiovascular);
– Perfil de lipídios (colesterol, triglicérides);
– Bilirrubina – Monitora doenças de fígado, pâncreas e pode indicar anemia;
– Exames de urina (para detectar contagem de células brancas e vermelhas, bactérias e outros micro-organismos);
– PH do sangue e gases (para detectar função pulmonar, metabólica e monitorar terapias com oxigênio);
– Creatinina (marcador para uma série de condições, como infecções generalizadas);
– Painel metabólico (pode incluir glicose, cálcio, creatinina);
De acordo com a OMS, muitos dos testes são adequados para cuidados de saúde primários como Unidades Básicas de Saúde; já outros, necessitam de hospitais com laboratórios. A entidade indica que a lista é básica e será agora atualizada periodicamente. O principal intuito, entretanto, é ajudar países em desenvolvimento a decidir para onde vai o investimento.
“Nosso objetivo é fornecer uma ferramenta para testar e tratar melhor, mas também indicar o uso de recursos de forma mais eficiente”, afirma Mariângela Simão, diretora-geral adjunta da OMS para medicamentos e vacinas, em nota.
O órgão internacional indica que a adoção dos testes vai depender da opinião do médico — que vai analisar a necessidade individual por meio dos sintomas e de dados epidemiológicos do entorno: por exemplo, um pedido para testes de malária deve considerar se a pessoa mora em um país endêmico ou se viajou recentemente para regiões onde há transmissão.