Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2019
A Polícia Civil prendeu, na manhã desta segunda-feira (4), dois motoristas de aplicativo que usavam perfis falsos e transportavam passageiros que embarcam e desembarcam no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, no Galeão, na Ilha do Governador. As informações são do jornal O Globo.
Segundo a Polícia Civil, a Operação Vexo, burlar em latim, identificou motoristas de aplicativos que utilizavam perfis falsos. Esses motoristas já haviam sido expulsos por não seguirem as normas da empresa. Entretanto, voltaram a trabalhar na empresa usando perfis irregulares, explicou a delegada Tatiana Ribeiro Queiroz, titular da Delegacia do Aeroporto Internacional (Dairj):
“Eles fizeram isso após serem expulsos ou banidos por crimes graves ou infrações ao código de ética das empresas. Então, usaram de dados verdadeiros de outras pessoas para voltaram a trabalhar.”
A delegada afirmou que os suspeitos burlaram o cadastro: “No entanto, não são todos os motoristas que praticam crimes. O cadastro parte da boa fé e presunção da verdade. As empresas fazem as buscas e permitem ou não que esses motoristas sejam habilitados para o sistema. A grande maioria dos motoristas está trabalhando corretamente e não comete infrações” diz Tatiana.
Durante a investigação, que começou em junho após diversas denúncias de usuários que foram lesados, os agentes da Dairj identificaram 10 perfis falsos. Pela manhã, os investigadores estiveram nas casas dos alvos e descobriram que os endereços de alguns condutores também eram falsos.
A delegada disse que os crimes acontecerem em várias partes da cidade. “Identificamos e qualificamos esses motoristas com perfis falsos. As ocorrências foram em Madureira, Barra da Tijuca e Campo Grande. As vítimas foram as delegacias das áreas, registram as ocorrências, e os delegados remeteram esses inquéritos para cá”, explicou a delegada Tatiana Ribeiro Queiroz, titular da Dairj.
Segundo a Polícia Civil, as fraudes eram assim: o motorista expulso da empresa usava documento de pessoas reais sem a autorização da mesma. Como o registro estava no nome de outra pessoa, quando o falso motorista de aplicativo chegava ao destino solicitado pelo passageiro, o usuário notava que era condutor, carro e placa diferentes.
Em outros casos, os motoristas de aplicativos utilizavam de documentos de terceiros que emprestavam seus dados. Todos estão sendo investigados pela Polícia Civil. Os investigadores descobriram também que, em alguns casos, os falsos motoristas não finalizavam as corridas e com isso conseguiam cobrar um valor maior.
Até agora, mais de 100 veículos foram revistados e pesquisados. Os presos vão responder por falsidade ideológica.
Durante a operação, dois homens foram presos no entorno do Galeão. Um deles com nove registros de ameaças e um segundo por ter sido preso anteriormente por tráfico de drogas. Eles foram para a delegacia, prestarão depoimento e a delegada arbitrará uma fiança de R$ 1.000 para cada um. Os homens vão responder em liberdade. Caso sejam condenados por falsificação eles poderão pegar de 1 a 3 anos de prisão.
Dois outros motoristas foram conduzidos à Dairj por terem alguma pendência com a justiça. Eles prestarão depoimento.
Segundo a Polícia Civil, os motoristas envolvidos nos crimes são ligados às empresas Uber, Cabify, 99 POP e Wappa. Todas as citadas pela investigação foram procuradas.
Em nota, a Cabify afirmou que até o momento não recebeu notificação da Polícia Civil do Rio em relação às atuais investigações, mas que está à disposição para cooperar com as autoridades, caso necessário”, diz o comunicado. Ainda de acordo com a Cabify, “a empresa possui um trabalho antifraude, que faz uma rodagem periódica de antecedentes criminais e documentação para o cadastro do motorista em sua plataforma, além de identificação de comportamentos típicos de fraudadores, como muitas corridas de longa distância. A Cabify segue atenta às investigações da Polícia Civil e considera importante a operação para segurança dos usuários de aplicativos de mobilidade”, disse a empresa.
A Uber também enviou uma nota: “Todos os motoristas parceiros cadastrados na Uber, antes de começar a dirigir, passam por uma checagem de antecedentes criminais. Esse processo acontece nos termos da lei e é realizado por empresa especializada. A empresa também realiza rechecagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.
A Uber possui um contrato em âmbito nacional com o Serpro, que verifica informações da CNH e do CRLV dos motoristas interessados em trabalhar no aplicativo, com a autorização do Denatran. A empresa está colaborando com as autoridades no curso das investigações, observando a legislação brasileira aplicável”.
A 99 Pop esclareceu: “A 99 informa que o perfil do motorista parceiro é exclusivo e intransferível. A empresa esclarece que repudia esse caso, assim como qualquer outra prática ilegal. Em comportamentos como esse, que vão contra os Termos de Uso do aplicativo, o condutor é bloqueado definitivamente da plataforma.”
A Wappa não respondeu ao questionamento da reportagem.