Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2019
Dezoito anos separam “As filhas da mãe” de “Amor de mãe”. Na novela com pegada cômica de Silvio de Abreu, exibida pela Globo na faixa das 19h em 2001/2002, Regina Casé era Rosalva, mulher que tinha quatro filhos, era traída pelo marido e via a vida revirada ao se descobrir filha bastarda e, por isso, herdeira de um ricaço. A partir de hoje, no horário nobre da emissora, a consagrada apresentadora traz à tona de volta sua porção atriz com Lurdes, uma das três protagonistas da novela dramática de Manuela Dias. Também mãe amorosa de quatro, a potiguar tem um dos filhos vendido pelo marido para um traficante de crianças do Rio, e parte com os outros três para a cidade, numa busca desenfreada pelo pequeno. Na viagem, ainda encontra uma bebê recém-nascida abandonada na estrada e a adota.
“Lurdes é uma mulher como a maioria das brasileiras, nordestinas principalmente: sua vida é trabalhar e defender seus filhos. Ela tenta dar a eles dignidade, princípios, exemplos de honestidade. Acho que esta personagem não pode ter nenhum momento racional. Ela é só emoção e coração”, analisa Regina, adiantando: “Essa novela é uma surra de emoção. Não sei como vocês vão aguentar”.
A atriz conta que tinha muita saudade de voltar a atuar, mas para ter coragem de deixar de viajar pelo país e trabalhar como apresentadora, precisava lhe aparecer uma personagem desta grandeza.
“Olha que bacana para uma atriz: eu leio uma cena e já fico ansiosa para gravar logo porque quero ver aquilo acontecer. O texto da Manuela, a fotografia do Walter Carvalho, a direção artística do José Luiz Villamarim… É tudo o que eu sempre quis. A ficção, atualmente, é uma maneira mais suave, doce, para conversar com as pessoas. Elas estão muito arredias, não conseguem se ouvir. Por meio da emoção e do amor de mãe, contando com a minha atuação, acho que é mais fácil ser uma ponte entre as diferenças, algo que sempre fiz.”
Mãe de Benedita, de 30 anos, e de Roque, de 6, Regina diz que tem mais em comum com sua nova personagem, além do fato de ter adotado o ais novo: “Temos o defeito da superproteção. Sempre digo que amor de mãe é uma droga poderosíssima, com que você vê e sente coisas que não existiam antes. Ser mãe por adoção é um contato direto com o mistério, é como colocar um plug no sagrado. Eu não conhecia Roque num dia e, no outro, eu o amava tanto quanto amo Benedita. Achava que seria uma construção, mas não. É um troço estranho que vem de um lugar maluco”.
Desconstrução
Dedicação ao trabalho
Também avó de Brás, de 2 anos, Regina deixou a família preparada para sua ausência durante a novela: “Vai ser brabo, já tem sido, mas me programei muito. Eu estava com um novo programa engatilhado para entrar no ar em outubro de 2018, quando fui convidada para a novela. Fiz esta escolha, quis me dedicar, e avisei em casa que iria sumir”.
Sem vaidades
Na pele de Lurdes, Regina surge na telinha sem vaidades: “Para se jogar em cena sem maquiagem e sem pentear o cabelo, tenho que ter confiança em quem me cerca (risos)”.
Preconceito
Há quem já compare Lurdes à personagem de Regina no aclamado filme “Que horas ela volta?: “Eu não tento fugir da Val, apesar de quem acha o sotaque igual. É mais um preconceito a desconstruir: por que todo rico ou sulista é diferente e todo pobre ou nordestino é igual? Precisamos repensar essa ideia!”.