Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
21°
Cloudy

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Saiba o que explica o interesse da China em investir no petróleo brasileiro

Compartilhe esta notícia:

Na licitação das áreas para exploração, ganha a empresa que oferecer a maior quantia de petróleo ao governo. (Foto: Divulgação)

A China foi o único país estrangeiro a ter empresas dando lance nos dois leilões do pré-sal realizados pelo governo brasileiro. Nenhuma empresa de outro país, além de Brasil e China fez ofertas pelas dez áreas de petróleo oferecidas, embora companhias de 13 países, como Inglaterra, EUA e França, estivessem inscritas nos leilões. As informações são da BBC News Brasil.

Entre os motivos apontados para o desinteresse estão o alto valor cobrado de bônus de assinatura (preço previamente fixado, a ser pago pelo direito de explorar as reservas) e as indefinições sobre a indenização que a empresa vencedora teria que pagar à Petrobras pela descoberta das reservas pela estatal.

O que, então, explica o interesse da China que, diferentemente dos demais países, fez ofertas nos leilões de quarta (6) e quinta (7) organizados pela Petrobras?

De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o investimento dos chineses no Brasil integra uma estratégia de curto e médio prazo do país em expandir sua rede de abastecimento de petróleo e gás pelo mundo.

Segunda maior economia do mundo, a China não possui em seu próprio território reservas de petróleo capazes de abastecer o mercado interno e garantir o rápido ritmo de crescimento.

Por isso, o presidente chinês, Xi Jinping, lançou nos últimos anos uma ofensiva para diversificar ao máximo as fontes de extração de gás e petróleo por empresas chinesas, com grandes investimentos em operações de petróleo na África e no Oriente Médio.

“Tem havido um grande esforço por parte das empresas de petróleo chinesas em assumir licenças e concessões para exploração de petróleo em diferentes partes do mundo. O objetivo dos chineses é impedir que o país dependa de um número limitado de fornecedores”, explicou à BBC News Brasil a professora de legislação de petróleo Tina Hunter, da Universidade de Aberdeen, na Escócia.

Além disso, a parceria com a Petrobras nesse momento, por meio da participação no consórcio que arrematou a reserva de Búzios (RJ), pode indicar um gesto do governo chinês no sentido de aprofundar os laços com o Brasil, pouco após a visita do presidente Jair Bolsonaro ao país, apontam especialistas.

No “megaleilão” do pré-sal, realizado na quarta-feira (6), das quatro áreas oferecidas, duas foram arrematadas e duas não receberam propostas. No campo mais valioso, o de Búzios, a oferta foi vencida por um consórcio formado pela Petrobras com as empresas chinesas CNOOC e CNODC.

Os chineses, porém, vão entrar com apenas 10% do total, menos de R$ 7 bilhões, e o restante (R$ 61,2 bilhões) será pago pela Petrobras. Já para o outro campo, o de Itapu, a única oferta foi a da Petrobras.

A expectativa do governo Bolsonaro era receber R$ 106,5 bilhões pelas quatro áreas de exploração, mas o valor total arrecadado foi de R$ 69,9 bilhões por dois desses campos (Búzios, por R$ 68,2 bilhões, e Itapu por R$ 1,7 bilhão).

Dois dias depois, o governo fez um novo leilão para oferecer outros cinco campos do pré-sal. Mais uma vez, a China foi o único país a fazer uma oferta. Um consórcio entre a chinesa CNDOC e a Petrobras ficou com a única área arrematada na concorrência — o bloco Aram, o mais nobre entre os cinco oferecidos.

A professora Hunter, da Universidade de Aberdeen, explica que é da tradição dos chineses “sentir o terreno” antes de fazer grandes lances e investimentos em leilões de petróleo.

A China estaria, na visão dela, interessada em testar e avaliar as estratégias do atual governo para gestão de petróleo no Brasil para, nos próximos anos, investir mais pesado. Os campos que não foram arrematados nos dois leilões desta semana devem ser oferecidos novamente a partir do ano que vem.

“Uma participação de 10% (no consórcio de Búzios) é relativamente pequena. Para mim, isso se explica pelo interesse da China em adquirir primeiro uma experiência e um conhecimento prévios sobre o atual sistema de regulação e exploração de petróleo no Brasil, neste governo, para depois arriscar mais”, diz Hunter.

“Esses 10% vão permitir à China ter informações privilegiadas, conhecimento interno, para avaliar uma participação maior nos próximos leilões.”

A China é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Em prol de segurança energética, o governo Xi Jinping passou a investir pesado para garantir a presença de petroleiras chinesas na exploração de petróleo e gás em diferentes continentes, com investimentos na África, sobretudo em Angola e no Senegal, na Ásia Central e na América do Sul, especialmente na Venezuela.

Investir no Brasil seria um caminho natural diante dessa ambição de ampliar as fontes de fornecimento de petróleo e hidrocarbonetos, diz Hunter.

Faz cerca de 10 anos que a China passou a ter uma participação mais ativa em concorrências para exploração de campos do pré-sal e pós-sal.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Fotos de ostentação nas redes sociais “deduram” devedores
Quase 90% dos brasileiros pretendem usar o 13º salário para quitar dívidas
https://www.osul.com.br/saiba-o-que-explica-o-interesse-da-china-em-investir-no-petroleo-brasileiro/ Saiba o que explica o interesse da China em investir no petróleo brasileiro 2019-11-11
Deixe seu comentário
Pode te interessar