Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de março de 2019
Em 17 de março de 2009, há exatamente 10 anos, morria o apresentador, estilista e deputado federal Clodovil Hernandes. Conhecido por sua personalidade forte, seus comentários ácidos e seu frequente envolvimento em polêmicas, Clodovil conquistou uma legião de fãs e outra de desafetos ao longo da carreira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O estilista passou por quase todas as emissoras de TV aberta no Brasil, algumas das quais nem existem mais. Dono de uma personalidade forte, dificilmente conseguia se manter na mesma emissora por muito tempo – e colecionava inimigos por onde passava.
Na Globo, por exemplo, tinha desafetos com Marília Gabriela. Na RedeTV!, chegou a chamar Luisa Mell, então namorada de um diretor da emissora, de “Rita Cadillac do futuro”. Na Band, fez críticas a Adriane Galisteu, envolvida com o patrocínio de seu programa. “Comecei a fazer televisão com 20 anos. Fiz muito programa vespertino com a Janete Coutinho, aquelas mulheres, na Tupi. Fiz muitas vezes a Rede Record, que era o máximo à época, e tal, muitas entrevistas”, afirmava Clodovil, em vida. “Saí brigado de todas as emissoras que trabalhei, mas é porque eu, burramente, defendia os interesses do proprietário”, justificava.
Relembre a seguir alguns episódios da trajetória de Clodovil na TV e algumas de suas polêmicas ao longo da vida:
O 8 ou 800 de Dona Beija
Foi em 1977, no extinto 8 ou 800, da Globo, apresentado por Paulo Gracindo, que Clodovil teve uma de suas primeiras participações marcantes na televisão brasileira. No programa, exibido nas noites de domingo, os participantes precisavam responder perguntas sobre um tema ou personalidade em busca do prêmio máximo de 800 mil cruzeiros. Clodovil escolheu Dona Beija, figura brasileira do século 19. E saiu vitorioso.
TV Mulher
Desde a estreia do TV Mulher, em 1980, até o ano de 1982, Clodovil possuía um quadro no programa em que dava dicas de estilo, desenhava modelitos e entrevistava nomes conhecidos do mundo da moda. Posteriormente, ele passou também a ler cartas de telespectadoras para aconselhá-las sobre quais roupas usar em determinadas ocasiões.
O primeiro programa solo
Em 21 de março de 1983, às 21h, foi ao ar o primeiro programa solo de Clodovil, levando seu nome, na Bandeirantes.
“O público exigiu minha volta. Foram nove meses de conversação, até que eu me decidisse a fazer o programa, cuja proposta é levar ao público uma coisa bem brasileira”, afirmava o apresentador, que estava longe das telas havia quase um ano.
No programa, Clodovil cantava, dançava e conversava com diversas personalidades sobre os mais variados temas.
Rede Manchete
Em 23 de janeiro de 1984, Clodovil estreou na Rede Manchete, emissora que havia sido fundada há menos de um ano. Seu primeiro trabalho no canal foi participando do Manchete Shopping Show, divulgado como “um programa de atualidades, serviços e informação dirigido à mulher moderna […]Um encontro diário com colunistas, gente famosa e convidados especiais”.
Em 1985, apresentou o De Mulher para Mulher, exibido nas tardes da emissora. No ano seguinte, veio Clô Para Os Íntimos, investindo no formato ao qual já estava acostumado.
No programa, o apresentador conseguiu a presença de inúmeras personalidades da época, como Fernanda Montenegro, Myrian Rios, Luiz Carlos Barreto, Augusto Boal, Malcolm Roberts e Elizeth Cardoso.
Em 1988, porém, uma indisposição com o então presidente da Assembleia Nacional Constituinte realizada no Brasil, Ulysses Guimarães, custou seu cargo na emissora.
“Quando falei naquela época na televisão: ‘Escuta aqui, isso é uma constituinte ou uma prostituinte?’, o Ulysses Guimarães ligou pra Manchete e disse assim: “Tire esse viado filho de uma p*** do ar hoje!”, relembrou Clodovil anos depois.
Por Excelência, o último programa
Em 2007, já como deputado federal, Clodovil apresentou seu último programa na TV, o Por Excelência. Após sofrer um AVC, porém, acabou se afastando das gravações e teve seu contrato rescindido pela emissora, “tendo em vista o período em que o apresentador absteve-se de gravar o programa”.
Clodovil foi diagnosticado em 2005, com um tumor maligno na próstata. Ele retirou o tumor em uma cirurgia e não precisou fazer tratamentos complementares, porém apresentou quadro de incontinência urinária. Em 2007, o deputado sentiu fortes dores no corpo e febre, com princípio de infarto. Depois, Clodovil voltou a passar mal na Câmara dos Deputados e teve um derrame cerebral e ficou com o lado direito do corpo paralisado.
Em agosto de 2008, o deputado passou por mais uma cirurgia em decorrência das deficiências na próstata. Após a cirurgia, durante a recuperação o estilista sofreu uma embolia pulmonar. Clodovil morreu em 17 de março de 2009, após ser registrada sua morte cerebral causada por um AVC.