Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2021
Com diplomas falsificados de graduação em enfermagem pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e de pós-graduação pela Faculdade Unida de Campinas (FacUnicamps), Gabrielle Cristina Lima Canuto, de 32 anos, conseguiu uma carteira profissional no Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) e ocupou cargos em pelo menos três hospitais de Goiânia de 2019 a 2021.
Entre as funções, ela foi chefe da enfermagem do Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, com um salário de mais de R$ 10 mil. Natural de Belém, a mulher já foi condenada pela Justiça Federal por apresentar diploma falso e carteira funcional ilegítima e exercer a profissão no Hospital Cândido Rondon (HCR), em Rondônia, de 2012 e 2014.
Segundo a documentação entregue ao Coren-GO e às unidades de saúde, Gabrielle teria se formado em enfermagem pela Universo em Goiás, em 2011, aos 23 anos de idade. Em fevereiro de 2015, teria se especializado em ginecologia e obstetrícia na FacUnicamps. O histórico escolar, entretanto, não corresponde com a documentação entregue.
Gabrielle se matriculou na Universo em 2009, por transferência. De um total de 51 disciplinas obrigatórias, concluiu apenas 20. Nas optativas, a graduação exigia pelo menos 165 horas, mas ela só cumpriu 75 horas. A mulher, que se intitula enfermeira, também não passou por atividades complementares, estágios ou projetos de pesquisa.
Na matéria em que se diz especialista, a de obstetrícia, ela foi reprovada em 2011, com nota 1,1. Ainda assim, ela emitiu um diploma falsificado e, em Rondônia, conseguiu emprego no ano de 2012 como enfermeira no HCR, onde trabalhou até 2014.
Ela também tentou uma carteira no Conselho Regional de Enfermagem de Rondônia (Coren-RO), mas teve a solicitação negada após verificação de que os documentos entregues eram ilegais. Foi então que passou a ser alvo de uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e foi afastada de suas funções profissionais.
Gabrielle foi condenada em 2019 a 3 anos e 6 meses de reclusão em regime aberto, além de ser multada. A pena privativa de liberdade foi substituída por pena pecuniária de dez salários mínimos. “A ré apresentou diversos documentos ilegítimos. Com isso, exerceu de forma ilegal a profissão de enfermeira, sem a conclusão devida do curso regular e o respectivo registro no Conselho, expondo pacientes a risco de morte, durante o período de 2012 a 2014”, diz a decisão.
Não há, no processo judicial, informações sobre o salário obtido por ela na época, mas, baseada na Convenção Coletiva de Trabalho 2013/2014 firmada entre os sindicatos patronal e dos trabalhadores com piso salarial de R$1.679,67, a Justiça Federal calcula que ela obteve indevidamente mais de R$ 40 mil.
Contratada novamente
No final de agosto, Gabrielle, que ocupava a função de coordenadora do programa Nascer Bem, da Hapvida, foi desligada do cargo. Em nota, a empresa afirma que checa os registros profissionais junto aos conselhos de categoria. “Ela constava como regularmente inscrita no site do conselho regional da categoria. Assim mesmo, após a contratação, a profissional foi dispensada após apenas 57 dias na empresa, ainda no período de experiência, por apresentar falta de sintonia com os valores da companhia”, diz a nota.
Canuto também participou do processo seletivo do Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Na unidade, trabalhou de novembro de 2019 a julho de 2020 como coordenadora de enfermagem, com um salário que ultrapassava R$ 10 mil, conforme folha de pagamento da unidade.
Ela também foi aprovada em um processo seletivo da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FUNDAHC) e trabalhou como enfermeira assistencial em obstetrícia no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) pelo período de 11 meses. Em nota, o HMDI afirmou que o desligamento se deu a pedido da ex-colaboradora.