Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2024
Um adolescente de 16 anos de Santa Catarina, conhecido como o “Dr. Money”, está sendo investigado aplicar golpes ao simular apoio à população vitimada pelas cheias no Rio Grande do Sul.
Em operação realizada na última sexta-feira (24), a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão — um deles ocorreu em uma cobertura de luxo de Balneário Camboriú (SC), onde funcionava como um “QG do crime”, segundo a investigação.
O menor, segundo a polícia do Rio Grande do Sul, é suspeito de fraudes que tinham por objetivo simular campanhas de arrecadação de doações que seriam feitas para as vítimas no estado gaúcho. Foram apreendidos computadores, celulares e equipamentos eletrônicos que eram utilizados para os golpes, conforme apurado pela investigação. A operação foi nomeada “Dilúvio Moral”.
Com o dinheiro de golpes e fraudes, o adolescente morava em uma cobertura de luxo. No edifício onde estava, imóveis são vendidos a partir de R$ 2,65 milhões.
“Eu sou o player, vamos dizer, o cara que roda, que faz dinheiro”, diz o garoto, em um vídeo compartilhado no X (ex-Twitter), que mostra o momento da entrada da polícia na cobertura. “Eu ganho dinheiro falando que faço dinheiro. Morar numa cobertura, morar num lugar legal assim me traz retorno financeiro.”
Segundo apurado, o adolescente infrator se apresenta nas redes sociais como “Dr. Money” e afirma ter atingido seu primeiros milhão aos 15 anos de idade. Além disso, o menor é sócio proprietário de duas empresas. O suspeito também se utiliza da rede social para ostentar elevado padrão de vida, publicando fotos e vídeos em imóveis de luxo (um deles alvo da operação) e rotineiramente publica comprovantes de recebimento de altos valores oriundos de pagamentos realizados através de redes sociais.
De acordo com autoridades em entrevista coletiva realizada nessa terça (28), a fraude consistia na criação de uma página na internet simulando uma página oficial do Governo do Estado, alarmando a população sobre a tragédia climática que acomete grande parte do Rio Grande do Sul.
A partir de então, a página redirecionava os usuários para uma nova página falsa, desta vez simulando o website “Vakinha”, em que se divulgava uma suposta campanha de arrecadação de doações. A página, inclusive, era impulsionada pelas redes sociais, a fim de atingir o maior número possível de pessoas.
A campanha fake também tinha um site que mostrava ter arrecadado mais de R$ 2,7 milhões. “Na verdade, se tratava de um valor fictício, sendo mais um artifício para induzir o usuário a erro”, diz a polícia civil.
Na página, era divulgado um QR Code, gerado por uma fintech de checkout (espécie de loja virtual), que permitiria o pagamento por transferência via Pix. A partir de então, o valor da suposta contribuição era redirecionado para uma aba de pagamentos, que repassava o valor para a conta dos golpistas.
O valor era todo repassado para uma empresa de treinamentos e serviços, da qual o menor era sócio proprietário. Assim, segundo a polícia, o valor era captado pelo adolescente com “aparência de licitude”.
Ainda na sexta passada, a força-tarefa representou e foram deferidas ordens judiciais de bloqueio de valores de até R$ 1 milhão (um milhão de reais) em cada conta de responsabilidade do suspeito e das empresas vinculadas.