Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 19 de julho de 2025
O ministro e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), ganhou protagonismo político nas negociações com empresários e o Congresso Nacional contra o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Com a atuação do vice-presidente, o PSB reforçou a pressão para mantê-lo na chapa de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 e afastou a possibilidade de Alckmin deixar o Palácio do Planalto para concorrer em São Paulo, ao governo estadual ou ao Senado.
Desde o anúncio da taxação de 50% aos produtos brasileiros na semana passada, o vice-presidente comanda a resposta do governo aos EUA, articula a aproximação com o agronegócio e busca pacificar a relação do Executivo com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Nos bastidores do governo federal e entre dirigentes nacionais do PT e do PSB, a avaliação é de que Alckmin se cacifou com Lula ao demonstrar seriedade nas negociações com empresários, e lealdade ao presidente.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços foi definido por Lula para liderar o grupo de trabalho com empresários e elaborar a resposta do Brasil aos ataques de Trump. Desde o anúncio do tarifaço, Alckmin tem conversado com os setores econômicos que serão mais afetados e empresas americanas estabelecidas no país. O ministro classificou a medida dos EUA como um erro político e econômico, ressaltou a independência do Judiciário em relação ao Executivo e repudiou ações da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para interferir na soberania nacional.
Ao anunciar a taxação, Trump vinculou a medida aos processos contra Bolsonaro no país. O ex-presidente está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, e é réu no Supremo Tribunal Federal acusado de cinco crimes contra a democracia, como tentativa de golpe de Estado.
Reuniões
Na última semana, Alckmin fez uma série de reuniões com o agronegócio e setor produtivo da indústria, com a forte presença de outros ministros. Entre os participantes, estavam a Embraer, JBS, Weg, Confederação Nacional da Indústria, Fiesp, Abimaq e Sindipeças.
Na quarta (16), Alckmin reuniu-se com os presidentes da Câmara e do Senado e divulgaram uma mensagem ressaltando a “unidade nacional”, a soberania e a proteção da economia. “Estamos unidos para defender a soberania nacional”, afirmou o vice. “Vamos trabalhar juntos para reverter essa situação”, disse.
Motta demonstrou sintonia: “Estamos prontos para estar na retaguarda do Poder Executivo para que as decisões que forem necessárias à ação do Parlamento nós possamos agir com rapidez e agilidade, para que o país possa sair mais forte dessa crise”. Alcolumbre disse que o “Parlamento está inteiramente à disposição dos interesses brasileiros”.
O tom pacífico dos parlamentares e de Alckmin depois da reunião destoa dos recentes embates entre o governo e o Congresso, com reveses como a derrubada do aumento da alíquota do IOF pelo Legislativo e o veto de Lula ao aumento do número de deputados.
“Carta dos Brasileiros”
A liderança de Alckmin nessa negociação – bem avaliada por integrantes do governo e lideranças do PT – animou o comando nacional do PSB. Dirigentes do partido ouvidos pelo Valor reforçaram que a “prioridade absoluta” é manter a atual composição da chapa nacional, e descartaram, a princípio, uma eventual candidatura ao governo paulista ou ao Senado. Alckmin já comandou São Paulo por quatro vezes e tem dito a interlocutores que não quer disputar um novo mandato no Estado.
Ministro do Empreendedorismo e secretário nacional de finanças do PSB, Márcio França destacou a atuação de Alckmin no diálogo com o setor produtivo desde a campanha eleitoral, em 2022. “Ele é a ‘Carta aos Brasileiros’ no governo”, disse. “Nossa prioridade é a manutenção da chapa”, reforçou.
Vice-presidente nacional de comunicação do PSB e presidente do diretório da capital paulista, a deputada Tabata Amaral disse que Alckmin tem demonstrado seu “preparo, experiência e o caráter conciliador em um cenário de turbulência internacional”. “O desejo do partido é que ele venha como vice [em 2026]”, afirmou.
Também integrante da Executiva do PSB, como um dos vice-presidentes nacionais do partido, o deputado Caio França (SP) afirmou que “Alckmin demonstrou lealdade, competência e passou confiança a Lula”. (Com informações do Valor Econômico)