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Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2020
Após a polêmica eleição do novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, nomeado apenas com a presença da bancada minoritária do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), os governos de Uruguai, México e Argentina — países que reconhecem a Presidência de Nicolás Maduro — criticaram o processo que no domingo impediu a reeleição de Juan Guaidó para o comando do Legislativo.
O governo Maduro usou as principais forças de segurança para impedir a entrada de deputados opositores na sede da Assembleia. Seus aliados, em seguida, renovaram as autoridades parlamentares, no que foi considerado uma “cerimônia ilegal” e um “golpe” por seus adversários. O presidente eleito do Legislativo foi Luis Parra, do partido opositor Primeiro Justiça, que se aliou às forças governistas.
Em comunicados, os três países, que não reconhecem Guaidó como “presidente interino” do país, rejeitaram a tentativa do governo de impedir a votação.
“O México faz votos para que a Assembleia Nacional da Venezuela eleja democraticamente seu Conselho Administrativo, de acordo com o processo estabelecido na Constituição daquele país irmão. O funcionamento legítimo do Poder Legislativo é um pilar inviolável das democracias”, disse a chancelaria mexicana no Twitter.
Já o novo ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, lembrou que o governo recém-eleito de Alberto de Fernández “tem tentado por todos os meios que o diálogo e os acordos sejam o caminho para a plena recuperação do funcionamento democrático da República Bolivariana da Venezuela”.
O governo uruguaio da Frente Ampla, de esquerda, também manifestou sua “profunda preocupação” pela violação dos direitos dos deputados e criticou a atitude do governo de Maduro, que “viola” os esforços internacionais para uma saída para a crise venezuelana.
“A atitude do governo venezuelano prejudica seriamente os esforços da comunidade internacional para colaborar com os venezuelanos, através do diálogo e da negociação, para conseguir uma saída da grave crise institucional naquele país”, afirmou o governo de Tabaré Vázquez, em comunicado.
Pelo Twitter, o presidente eleito do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que toma posse em março, disse que os acontecimentos na Assembleia foram “um golpe na institucionalidade democrática”.
No domingo, Juan Guaidó, que há um ano se proclamou “presidente encarregado” e foi reconhecido por cerca de 60 países, entre eles o Brasil e os Estados Unidos, teve que pular uma grade para entrar na sede do Legislativo.
Horas depois, Guaidó comandou uma sessão parlamentar paralela na redação do jornal El Nacional, em Caracas, onde afirmou ter reunido mais de cem deputados, e foi reeleito presidente do Legislativo, tendo como primeiro vice o deputado Juan Pablo Guanita e como segundo vice-presidente Carlos Berrizbeitia.
Nesta segunda-feira, Guiadó destacou a posição da Argentina e do México, que “apesar das diferenças ideológicas”, criticaram a “violação contra o Parlamento”.
Grupo de Lima respalda Guaidó
A oposição denuncia que Maduro subornou parlamentares para votarem contra Guaidó. Já Parra acusa Guaidó de ter “sequestrado o Parlamento” e usado a entidade para derrubar Maduro do poder. Logo após a votação no Legislativo, Maduro fez um pronunciamento na televisão estatal afirmando que o país repudiava Juan Guaidó, quem chamou de “marionete do imperialismo”.
Sua reeleição foi respaldada pelo Grupo de Lima, mas sem as assinaturas do México e da Argentina. Em um comunicado, o grupo afirmou que a votação “pela maioria parlamentar em favor da reeleição de Juan Guaidó, atendo-se à Constituição e à lei, representa uma rejeição das ações temerárias do regime de Nicolás Maduro que buscaram impedir sua designação”.