Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de janeiro de 2021
Após obter aval para importar 2 milhões de doses da vacina de Oxford contra a covid-19, a Fiocruz corre agora para obter os últimos documentos exigidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que permitam à instituição pedir o uso emergencial da vacina no Brasil.
Entre os pontos pendentes estão dados sobre a composição do imunizante e que mostrem que a vacina, que deve ser importada do Serum Institute, da Índia, é a mesma já usada no Reino Unido, por exemplo.
“É necessário entender se o produto do fabricante indiano é semelhante ao fabricado no Reino Unido e que teve os dados clínicos aprovados”, informa a agência.
Os itens foram discutidos em reunião entre representantes da Fiocruz e Anvisa nessa segunda-feira (4). A previsão da Fiocruz é apresentar um pedido de uso emergencial da vacina até esta quarta (6).
Nos últimos dias, a Fiocruz obteve aval da agência para importar, de forma excepcional, 2 milhões de doses já prontas da vacina. A medida faz parte de uma estratégia para tentar antecipar o início da vacinação para janeiro.
No domingo (3), porém, o CEO do Instituto Serum disse a agências de notícias estrangeiras que a Índia não permitirá, ao menos até março, a exportação das doses que produzirá da vacina de Oxford. A instituição havia sido contratada para produzir 1 bilhão de doses do imunizante para países em desenvolvimento.
Ainda não há informações sobre o impacto da medida no acordo para obter as 2 milhões de doses.
A vacina de Oxford é hoje a principal aposta do governo brasileiro para a imunização contra a doença.
O plano do governo é iniciar a vacinação com essas doses iniciais, importadas, enquanto a Fiocruz, que tem uma parceria com a AstraZeneca, começa a produção das demais 100 milhões de doses previstas em acordo com a farmacêutica – e cuja entrega é prevista para ser iniciada em fevereiro e concluída ao longo do primeiro semestre.
Estratégia
A Anvisa se reuniu nessa segunda com o laboratório Precisa Farmacêutica, representante da empresa indiana Bharat Biotech no Brasil. Durante a reunião, de acordo com a nota divulgada pela reguladora, alguns pontos foram esclarecidos e a farmacêutica disse que “ainda vai definir a estratégia para o Brasil”.
A Bharat Biotech é a desenvolvedora da vacina Covaxin, que teve o uso emergencial aprovado na Índia no domingo (3). No mesmo dia, a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou que negocia com o laboratório indiano a compra de cinco milhões de doses do imunizante contra a covid-19 para clínicas particulares.
A vacina está na fase 3 de testes na Índia, etapa em que a eficácia é verificada. Os primeiros estudos clínicos mostraram que o imunizante não gera efeitos colaterais graves e produz anticorpos contra a covid-19. Segundo o presidente da ABCVAC, Geraldo Barbosa, a expectativa é que o resultado da última fase dos testes saia em janeiro.