Segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2025
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretende escrutinar o esquema de descontos indevidos nas aposentadorias de pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) registrou 646 requerimentos desde sua instalação na última quarta-feira (20), patamar que a CPI do 8 de janeiro e a da Covid-19 levaram até quase um mês para atingir.
A comissão que apurou os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes em Brasília há dois anos demorou seis dias para atingir o mesmo número de pedidos.
Já a CPI da Covid levou 28 dias para reunir a mesma quantidade de requerimentos. A comissão foi alvo de muita disputa no Senado Federal e só foi instalada pelo então presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso da apuração sobre o 8 de janeiro, a CPI foi proposta por bolsonaristas que buscavam disputar com o governo a narrativa sobre o 8 de janeiro, demorou a vingar e só foi instalada após a divulgação de imagens de agentes do GSI em tom amistoso com os golpistas dentro do Palácio do Planalto durante a invasão.
Mas ali, apesar da pressão contra Lula, a CPI mista acabou tendo a governista Eliziane Gama (PSD-MA) como relatora e Arthur Maia (União Brasil-BA), de caráter independente, como presidente – diferentemente do que houve agora, com a oposição derrotando o governo e nomeando presidente e relator.
Os trabalhos foram marcados por discussões entre parlamentares e o uso de recortes de bate-bocas e “lacrações” nas redes sociais.
Já a CPI da Covid, comandada por Omar Aziz (PSD-AM) e relatada por Renan Calheiros (MDB-AL), exerceu intensa pressão sobre Jair Bolsonaro, assumiu protagonismo na agenda do Congresso e se tornou um objeto de interesse nacional, além de contribuir para desgastar a imagem do então presidente ao explorar os desmandos na resposta do governo à pandemia.
Assim como as outras, a CPI do INSS foi instalada após meses de protelação, o que abriu margem para que os parlamentares deixassem vários requerimentos prontos à espera da instalação das comissões no Congresso.
Desta vez, a demora ocorreu por influência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que atuou para distanciar os trabalhos da comissão do epicentro da crise, em maio, para blindar o governo Lula de maiores desgastes com o escândalo.
O senador apadrinha dois ministros da Esplanada, Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).
Na última quarta-feira, porém, uma operação sigilosa da oposição que começou a ser costurada em um jantar organizado pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, desbancou Omar Aziz, indicado por Alcolumbre para presidir a CPI, e Ricardo Ayres (Republicanos-TO), escolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para relatar os trabalhos.
A estratégia foi colocada de pé pelo líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), e o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). A dupla passou a trabalhar pela candidatura de Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da comissão e articulou a desistência de Eduardo Girão (Novo-CE), que lançaria uma candidatura avulsa e dividiria votos da direita.
Eleito presidente, Viana indicou o bolsonarista Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator.
Não é praxe haver disputa de chapas para a presidência de CPIs no Congresso. Em geral, parlamentares buscam uma candidatura consensual entre as lideranças partidárias, além da situação e oposição, incluindo a indicação para a relatoria do colegiado.
Com a CPI instalada, integrantes da oposição ao governo Lula e parlamentares da base do presidente inundaram o colegiado com pedidos diversos, que vão desde a solicitação de relatórios do Coaf sobre empresas e indivíduos suspeitos de integrarem o esquema até a convocação para depoimentos.
Os números foram em boa parte impulsionados pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), que, como mostrou o colunista Lauro Jardim, protocolou 325 requerimentos no primeiro dia até a meia-noite desta sexta. Ele, inclusive, foi o primeiro a registrar um protocolo no colegiado.
Izalci também foi o campeão de requerimentos logo após a instalação da CPI do 8 de janeiro. O senador, à época filiado ao PSDB, deu entrada em 110 pedidos em cinco dias. As informações são do jornal O Globo.