Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 19 de janeiro de 2025
As fintechs e o Pix abriram serviços bancários a 60 milhões de brasileiros nos últimos 10 anos. O contingente de novos correntistas em uma década equivale a mais da metade da força de trabalho do país, estimada em 110,6 milhões de pessoas pelo IBGE em novembro. A tentativa frustrada do governo de aumentar a fiscalização sobre movimentações acima de R$ 5 mil com Pix por meio de fintechs gerou uma onda de fake news sobre a medida com a resistência de uma parcela de recém-bancarizados que teme taxação e cair na malha fina da Receita. A medida era importante para o Fisco ampliar para além dos bancos tradicionais sua atuação contra sonegação e crimes financeiros, mas foi suspensa pelo governo.
Ruan Alves da Silva, de 26 anos, morador de Mesquita, Região Metropolitana do Rio, trabalha há mais de uma década como vendedor ambulante no Centro do Rio. Ele abriu sua própria banca ao chegar à maioridade e viu as vendas crescerem nos últimos anos, o que ele atribui a muito suor e à possibilidade de abrir sua primeira conta em uma instituição financeira. Hoje, ele movimenta de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês, e, mesmo fora do limite fixado pela Receita, disse estar aliviado pelo governo ter desistido de taxar o Pix, sem saber que isso nunca foi previsto ou anunciado. Com conta em um banco digital, ele oferece pagamento no cartão e via Pix, que é hoje o carro-chefe dos negócios:
— Resolvo tudo pelo aplicativo e, como movimento uma boa quantia com as mercadorias e pago as contas em dia, fui ganhando nome. Já tenho cartão de crédito, fora outros benefícios. Quem não tem maquininha ou Pix perde venda. O cliente diz que vai sacar o dinheiro e dificilmente volta.
‘Dinheiro na mão vai rápido’
Além de facilitar vendas, ele diz que a oportunidade de se inserir no sistema financeiro foi determinante para começar a juntar dinheiro:
— Minha vida mudou. Passei a guardar mais com a conta. Dinheiro na mão vai muito rápido, a gente gasta mais. Hoje, consigo me planejar, saber quanto estou gastando.
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Ruan é um exemplo claro do perfil dos novos brasileiros bancarizados pelas 1.476 fintechs em atividade no país. A radiografia do setor mostra que 80% deles são pessoas físicas que fazem movimentações entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por mês em transações básicas, como pagamentos via Pix e microcrédito, segundo perfil traçado pela ABFintechs, com base em dados do Banco Central, do Instituto Locomotiva, do Sebrae e do Gerson Lehman Group (GLG). O Pix se consolidou como meio preferido para pagamentos em pequenos comércios e transferências familiares, diz a ABFintechs.
Microempreendedores individuais (MEIs) representam 20% dos novos bancarizados, com movimentação mensal de R$ 5 mil a R$ 10 mil, principalmente para recebimentos e pagamentos comerciais.
— As pessoas buscaram as fintechs para fazer transações do dia a dia, como pagamento de contas, transferências, e, mais recentemente, o Pix, não coisas sofisticadas. Essas pessoas não eram bancarizadas ou tinham perdido acesso aos bancos — diz Diego Perez, presidente da ABFintechs. As informações são do jornal O Globo.