Quinta-feira, 17 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2021
A corrida dos aplicativos no Brasil já passou por várias fases. Primeiro, foi a dos apps de transporte, com Uber e 99 deixando para trás uma série de empresas que caíram no esquecimento. Depois, iFood, Uber Eats e Rappi passaram a dominar o segmento de entrega de refeições. A disputa nas entregas de supermercado, porém, ainda está em aberto, e diversas empresas querem agora incomodar as grandes com as “dark stores” (ou lojas ocultas, em tradução livre).
O modelo funciona da seguinte maneira: as startups montam pequenos centros de distribuição. Essas companhias apostam na proximidade para realizar entregas na maior velocidade possível. E esse modelo tem atraído empreendedores e investimentos milionários.
Um dos casos mais conhecidos é o da brasileira Daki. Fundada em janeiro deste ano e com uma operação que só contemplava 20 bairros da capital paulista, a startup conseguiu captar US$ 170 milhões em seu primeiro aporte. De lá para cá, a Daki expandiu a sua atuação. Atualmente, a companhia conta com 60 “dark stores”, mais de 650 empregados – nem possui uma sede –, além de 1 mil entregadores cadastrados. A empresa já expandiu a atuação para cidades da região metropolitana de São Paulo, além do Rio de Janeiro, e está prestes a iniciar sua operação em Belo Horizonte.
O resultado é que, em dez meses de operação, a empresa se tornou o mais novo “unicórnio” (companhia com valor de mercado estimado em mais de US$ 1 bilhão) do País. Isso aconteceu no início de dezembro, quando a startup recebeu um aporte de US$ 260 milhões de grandes fundos como Tiger Global, Kaszek e Monashees.
“O aporte é direcionado para expansão física, melhorar a experiência em nosso aplicativo e atrair talentos para dentro de casa”, afirmou o presidente e fundador da Daki, Rafael Vasto.
Novidades
Entre os diferenciais que a empresa promete aos clientes, e que fizeram os investidores apostar fortemente na Daki, estão o frete grátis, além da entrega em menos de 15 minutos – e, de acordo com Vasto, preços competitivos com os vistos nas grandes redes varejistas. Isso acontece, segundo ele, porque a empresa fecha os contratos diretamente com as grandes indústrias, conseguindo maiores descontos e repassando para os consumidores.
Para completar, por ter controle total do estoque, não ocorre o problema de o cliente comprar um produto e ele ser substituído por outro. “Tivemos um crescimento de 930% no último trimestre”, diz Vasto. “Mas isso depende um pouco de novos aportes, e se trata de um mercado que está andando rápido, e não queremos ficar para trás.”
Liderança
A Rappi é a empresa que está mais na dianteira da corrida. Apesar de ter começado no Brasil como um aplicativo especializado nas entregas de produtos de terceiros, a companhia já conta com 117 “dark stores” no Brasil e outras 172 espalhadas por cinco países da América Latina.
O principal diferencial da companhia é o de entregas em menos de dez minutos – segundo a Rappi, a média do tempo é de 8 minutos e 20 segundos. Para Tijana Jankovic, presidente da subsidiária brasileira da Rappi, o modelo está crescendo cada vez mais e tem o potencial de, em breve, se tornar o principal negócio dentro da companhia.
Mas, com tantos supermercados dentro da plataforma, isso não vira uma concorrência com os parceiros? Na visão de Tijana, não. “Estamos com o foco de criar o hábito do supermercado por aplicativo. Nós não queremos competir nas compras grandes, que continuarão com os nossos parceiros, mas fazer com que o cliente tenha mais recorrência e passe a utilizar mais a ferramenta”, diz a executiva.
Este pode ser um caminho que outros aplicativos podem entrar no futuro, de acordo com especialistas. Afinal, trata-se de uma grande ferramenta de fidelização. O iFood, que domina mais de 70% do mercado de restaurantes, entrou mais tarde na competição por supermercados, mas já coloca o segmento como uma de suas principais rotas de crescimento para o futuro.
A companhia, que também é um unicórnio brasileiro, está consolidando o modelo de entregas expresso e conta hoje com 5 mil parceiros em 246 cidades. Segundo a companhia, o investimento está ocorrendo por meio de parcerias com outras companhias. O modelo é similar ao da Ambev com o Zé Delivery, em que a fabricante de bebidas utiliza a base de seus distribuidores para realizar vendas diretas para os consumidores finais.