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Carlos Roberto Schwartsmann A telemedicina macula a arte da medicina!

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A medida visa reduzir a fila de espera do INSS. (Foto: Divulgação)

No momento de maior avanço tecnológico da história da humanidade nunca estivemos tão afastados da arte da medicina.

A base de qualquer tratamento médico é a relação médico-paciente. E uma relação intima de compreensão, confiança, empatia, afeto, confissão e até mesmo de fé.

Ela se fortalece na verdade, no relacionamento olho no olho, na presença física e na percepção do calor humano.

O milenar diagnóstico clínico é baseado na história clínica e no exame físico. Este último é a pedra fundamental e mais importante do diagnóstico.

A telemedicina exclui o toque, a palpação, a percussão, a ausculta, a verificação dos pulsos, dos reflexos e das manobras médicas!

O exame físico não existe!!

Seriam necessárias dezenas de páginas para justificar a importância deste ato!

Vou me ater apenas a dois gestos iniciais, ínfimos e corriqueiros.

Aparentemente sem nenhuma importância que ocorrem nos primeiros segundos da consulta:

Cheirar e o apertar as mãos.

A milenar medicina chinesa sempre usou o cheiro do paciente para fazer o diagnóstico. O cheiro da sua transpiração e do seu hálito.

É clássico o cheiro de urina ou amônia do paciente com insuficiência renal. A ureia que se acumula no sangue, transmite um hálito urêmico. O cetônico, hálito parecido com acetona de limpar as unhas, identifica o diabético. O cheiro de terra molhada nos faz suspeitar das doenças hepáticas. O hálito purulento devido a necrose tecidual é característico das doenças do aparelho respiratório, das amigdalites, das sinusites e faringites. O refluxo gastroesofágico pode dar um hálito enxofrado.

A telemedicina exclui o aperto das mãos que é o primeiro gesto de hospitalidade. É a primeira saudação de boas-vindas. É o primeiro pacto do médico com o paciente com o objetivo de curar o mal que o trouxe até a consulta.

O aperto de mão identifica o estado psicológico do enfermo: Firme, daqueles que estão seguros, mole nos inseguros e vacilantes. Ainda oferece dados clínicos importantíssimos: Mão quente do febril. Quente e suada do hipertireoidismo. Fria, da doença periférica, da doença de Raynaud, da anemia e do hipotireoidismo.

Atrofiada ou em garra nas lesões nervosas periféricas ou centrais. Tremula identifica o Parkinson.

Deformada na artrite reumatoide, (nódulos de Bouchard) na artrose (nódulos de Heberden) e na moléstia de Dupuytren. Dormente na cervico braquialgia e túnel do carpo.

Os dedos em baqueta de tambor sugerem neuropatias, cardiopatias, e até câncer de pulmão.

Na telemedicina todas estas informações não existem. São excluídas! Ela poderá ser usada em raríssimas exceções, como, por exemplo, numa pandemia.

No ensino da boa medicina muito precocemente, os alunos têm que entender e aprender que a pior queixa que o médico pode receber do paciente è: “ Doutor, o senhor nem me tocou!”

A telemedicina dispensa o exame clínico, jamais poderá ser considerada como verdadeira medicina!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

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O modelo médico cubano não é bom para nós!
Abençoado… mas sem educação!
https://www.osul.com.br/a-telemedicina-macula-a-arte-da-medicina/ A telemedicina macula a arte da medicina! 2022-06-15
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