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Literatura A viúva de Jorge Luis Borges critica o novo livro sobre o escritor argentino, dizendo: “É horrível”

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Obra descreve viagem à Escócia feita pelo escritor argentino Jorge Luis Borges, entre outras passagens. (Foto: Reprodução)

“É uma coisa escatológica. É horrível”. É assim que a escritora María Kodama, viúva de Jorge Luis Borges, classifica o livro “Borges and Me”, onde o acadêmico americano Jay Parini narra uma viagem do argentino à Escócia na qual, supostamente, o acompanhou. Em entrevista concedida ao jornal “La Nación”, Parini citou episódios que, segundo Kodama, não são verdadeiros. Ela afirma que, caso a obra seja publicada, terá que “agir de alguma forma”.

“Claro que me lembro daquela viagem, já que estava com Borges. Foi em 1971. E este homem nunca se aproximou, nem eu o conheci, nem nada parecido. Nenhuma das coisas que ele diz é verdade. Evidentemente, é algo que ele inventou, e o fez quase 50 anos depois”, afirma a viúva.

Acostumada a traficantes de poemas apócrifos e a usurpadores de memórias, Kodama se surpreendeu com algumas das confidências reveladas por Parini. No livro, o acadêmico conta, por exemplo, que Borges bebeu grandes quantidades de cerveja na viagem.

“Ele nunca bebeu cerveja. Uma vez me disse que, quando era jovem, bebia vinho, mas parou depois de um coquetel em que ouviu alguns amigos do pai comentando: ‘Que pena, se o filho do Borges continuar assim, vai ser um beberrão’. Foi aí que ele parou de beber vinho, embora não se embebedasse”, conta Kodama.

A viúva recorda também outro episódio envolvendo Borges e bebidas alcoólicas.

“Me lembro que Di Giovanni (Norman Thomas Di Giovanni, tradutor das obras de Borges para o inglês) costumava lhe servir uma tacinha de vinho antes de conferências, por causa da tensão. Como Borges havia sido gago, eu sofria porque tinha medo de que o vinho o impedisse de falar bem. Um dia, estávamos caminhando e ele me perguntou se eu não me incomodava que ele me reproduzisse a palestra que estava preparando. Quando terminou a fala, me disse o seguinte: ‘Ai, María, que maravilha: fiz o discurso sem tomar álcool. Não preciso dele’. Eu lhe respondi: ‘Creio que não precisa, mas faça como você quiser'”.

A escritora lembra que Borges sugeriu, então, que ela se sentasse ao seu lado durante a conferência, mas o pedido foi negado.

“Eu lhe disse: ‘não, não, quando você dá uma palestra, tem que estar sozinho’. A resposta dele foi: ‘Vou pedir que te reservem o lugar bem na frente de onde eu estiver falando. Vou dar a palestra para você’. E não bebeu mais. Isso (que Parini descreveu) é uma infâmia.”

Kodama também nega outros episódios relatados pelo americano, como, por exemplo, a vez em que Borges e ele caíram juntos na água, enquanto estavam em um bote no Lago Ness.

“Isso sem contar o trecho em que ele diz que Borges fez amizade com a dona da pensão e os dois contam que seus pais morreram no banheiro. É uma loucura. Esse homem não bate bem da cabeça, ou é igual a tanta gente, que a mim me dá pena de verdade, porque tentam se escorar no nome de Borges para ter um momento de glória.”

O selo Emecé, que pertence ao Grupo Editorial Planeta, estima o lançamento do livro de Parini para março ou abril de 2021. Kodama ameaça “agir de alguma maneira”, caso a obra seja publicada.

“Suponho que a Emecé, que publicou a obra de Borges, não vai lançar um disparate desses, e espero que não o faça. Se chegar a sair, terei que agir de alguma maneira porque não posso permitir isso. É um verdadeiro horror. Meu pai me educou como um homem japonês: a ética é algo que eu tenho que respeitar e fazer respeitar”, conclui.

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