Terça-feira, 19 de agosto de 2025

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Comportamento Adultização infantil “rouba etapas essenciais da infância”, dizem especialistas após vídeo de youtuber

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Segundo Felca, esse tipo de material gera engajamento, lucros e, ao mesmo tempo, expõe menores a situações de intimidade.

Foto: Reprodução
Segundo Felca, esse tipo de material gera engajamento, lucros e, ao mesmo tempo, expõe menores a situações de intimidade. (Foto: Reprodução)

A discussão sobre os riscos da exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais ganhou força nas últimas semanas após a divulgação de um vídeo do youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, 27 anos, conhecido como Felca. Com mais de seis milhões de inscritos, ele publicou em 6 de agosto um vídeo de 50 minutos denunciando o influenciador Hytalo Santos por exploração sexual de menores e criticando como algoritmos de plataformas digitais favorecem conteúdos que promovem a adultização de crianças e adolescentes.

Segundo Felca, esse tipo de material gera engajamento, lucros e, ao mesmo tempo, expõe menores a situações de intimidade ou ambientes inapropriados. O caso, já investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), ganhou repercussão nacional e resultou na prisão temporária de Hytalo Santos e de seu marido, Israel Nata Vicente, em São Paulo.

A defesa do influenciador afirmou que ele é inocente e que sempre se colocou à disposição das autoridades. “A defesa permanece acompanhando o caso de forma atenta e responsável, confiando no devido processo legal e na sensatez do Poder Judiciário”, afirmaram os advogados em nota.

Aumento nas denúncias

A repercussão do vídeo levou a um aumento expressivo nas denúncias de abuso infantil. Entre 6 e 12 de agosto, a ONG SaferNet recebeu 1.651 denúncias únicas de imagens de exploração sexual infantil, contra 770 no mesmo período de 2024 — alta de 114%.

Essas denúncias são enviadas de forma anônima por usuários da internet. Após filtragem para eliminar repetições e links duplicados, são encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF), que avalia a ocorrência de crimes.

Para Thiago Tavares, presidente da SaferNet, o crescimento está diretamente ligado à mobilização provocada pelo vídeo de Felca. “Há anos o tema do abuso sexual infantil online não gerava um debate tão grande na sociedade brasileira, e a repercussão estimulou as pessoas a denunciar”, afirmou.

Adultização e impactos na infância

A chamada adultização infantil — exposição precoce de crianças a comportamentos e expectativas da vida adulta — preocupa ainda mais quando amplificada pelas redes sociais. Segundo Jaime Ribeiro, CEO da Educa Saúde Emocional e pesquisador das relações humanas na era digital, tanto as crianças inseridas nesses conteúdos quanto as que apenas os consomem são afetadas.

“Elas perdem o ritmo natural da infância e passam a interpretar o mundo com códigos de adultos, sem preparo emocional para isso. Isso distorce a autoestima, a percepção de mundo e interfere na forma como a criança vai se relacionar com o próprio corpo e com os outros no futuro”, explica.

Para Ribeiro, trata-se de “um roubo silencioso das etapas essenciais para o desenvolvimento saudável”. No caso de Hytalo Santos, afirma que ele “foi até o limite do que poderia ser exposto, misturando humor e curiosidade — algo que já se vê em realities shows que flertam com a sensualidade há anos”.

O pesquisador alerta ainda que muitas pessoas não conseguem diferenciar exploração de entretenimento. “Neste caso, houve exploração de menores, especialmente da Kamilynha, feita de forma escancarada, mas só veio à tona por conta da relevância do Felca”, destacou.

 Conteúdos disfarçados

Outro ponto levantado por especialistas é que conteúdos de caráter sexual não estão restritos a áreas ocultas da internet. Atualmente, aparecem em vídeos aparentemente ingênuos, disfarçados de entretenimento, mas que geram engajamento ao inserir crianças em situações de adultização.

Nesse cenário, o papel dos pais e responsáveis torna-se ainda mais crucial. O acompanhamento e a mediação ativa do acesso das crianças às redes sociais são fundamentais para evitar riscos que vão muito além de simples “dancinhas” ou modismos digitais.

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