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Ciência Análises do sequenciamento genômico do coronavírus no Brasil aumentam quase 10 vezes

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Sinais da nova cepa são diferentes da delta, até agora responsável pela maioria dos casos recentes de covid-19 no mundo. (Foto: Reprodução)

Os testes moleculares para diagnósticos da covid-19, chamados de RT-PCR, podem até ser desconfortáveis para o paciente, mas têm um papel fundamental no controle da doença, indicando a quantidade de novos casos da infecção. A secreção do nariz e da faringe recolhida nesse mesmo exame também é usada em outra frente importante no combate à pandemia: o sequenciamento genômico, que permite determinar o surgimento, a predominância e a potência de novas variantes do coronavírus.

O Brasil observa agora um aumento significativo nas análises de sequenciamento do vírus causador da covid. Entre o ano passado e fevereiro de 2021, o País fez 2,5 mil testes do tipo. Já de fevereiro até ontem, foram 23,4 mil. Para o futuro, especialistas dizem que o Brasil deve manter esse mesmo ritmo de análise de sequenciamento genômico, mesmo que a pandemia perca força. Isso porque o sequenciamento pode ajudar a mapear novos surtos da doença ou melhorar a vigilância de outras infecções, como HIV, hepatite C e B e tuberculose.

No entanto, apesar do incremento, o Brasil fez o sequenciamento de apenas 0,1% dos casos positivos de covid. Outros países têm níveis maiores, como o Reino Unido (10% do total de diagnósticos positivos), Estados Unidos (1,9%) e Portugal (1,3%). O avanço global também é positivo para o Brasil, pois todos os especialistas têm acesso ao mesmo banco de dados.

“Nunca sequenciamos tanto no Brasil nem no mundo. É tudo muito novo. A decisão do quanto será sequenciado é uma questão de gestão e capacidade (de cada país)”, diz Adriano Abbud, do Centro de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

A instituição faz parte da rede de sequenciamento do Ministério da Saúde, que conta com a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, e o Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), e outros laboratórios centrais de saúde pública. Abbud defende que não se deve comparar as taxas brasileiras com as internacionais, pois outros países têm mais acesso aos insumos necessários para realizar o serviço.

Os altos custos são um entrave para dar mais escala aos testes no Brasil, segundo especialistas. A estimativa de custo para realizar cada um dos sequenciamentos é de cerca de R$ 700 por amostra.

Análise em laboratório

O sequenciamento genômico é uma análise laboratorial que leva em conta diversas etapas químicas e de bioinformática — o uso da ciência da computação para decodificar dados de pesquisas biológicas — para identificar variações de organismos vivos, como o novo coronavírus. Essa classificação se dá por forma de letras, que representam substâncias bioquímicas.

“A grande questão que temos agora é para onde vai a pandemia, e isso pode ser resumido aos avanços do vírus (o que pode ser determinado pelo sequenciamento)”, diz José Eduardo Levi, virologista do grupo Dasa, que conta com um projeto próprio de vigilância genômica. “Há dois aspectos importantes para avaliar: a capacidade de resistência às vacinas e as mudanças que ocorrem necessariamente com as mutações. Como isso ocorre muito rapidamente, nós só anteciparemos ou andaremos junto às modificações fazendo o sequenciamento”, completa.

Amostras sequenciadas em todo o mundo são depositadas no serviço global Gisaid, criado em 2008 para monitorar as cepas de gripe comum. Há, por lá, 350 mil amostras da influenza, em comparação com 2,5 milhões da covid-19.

O Brasil já fazia sequenciamento constante de vírus como o do sarampo, da influenza e da rubéola, segundo Marilda Siqueira, da Fiocruz. O que se viu agora, contudo, foi uma escalada no serviço para averiguar parte dos casos positivos de covid-19.

Além da rede do Ministério da Saúde, uma das organizações que entrou com força no trabalho foi o Instituto Butantan, em São Paulo, que só realizava o serviço de maneira pontual, em pesquisas científicas específicas. Desde março, porém, dedica-se a identificar quais variantes do coronavírus circulam no estado.

As escolhas das amostras que passam pela vigilância seguem um raciocínio específico, priorizando os testes RT-PCR que vêm de regiões onde há avanço da doença no período estudado, por exemplo, dizem cientistas.

Os planos do grupo são de sequenciar até 2 mil amostras por semana. Até agora eles estimam ter catalogado por volta de 14 mil. Só metade está disponível no banco de dados global Gisaid.

Legado permanente

Os pesquisadores defendem que, tão logo a pandemia perca potência, o trabalho de sequenciamento genômico deve ser mantido com a mesma força. Só dessa maneira seria possível acompanhar o avanço do coronavírus e até mapear novos surtos, dizem especialistas. O trabalho seguirá importante sobretudo com a presença de indivíduos não vacinados e circulação da doença, mesmo após o fim da pandemia, como ocorre com a gripe.

Além disso, o sequenciamento também funciona para outros agentes infecciosos. Entre as doenças de preocupação no Brasil, algumas poderiam ganhar vigilância mais robusta, como Aids/HIV, hepatite C, hepatite B e tuberculose.

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https://www.osul.com.br/analises-do-sequenciamento-genomico-do-coronavirus-no-brasil-aumentam-quase-10-vezes/ Análises do sequenciamento genômico do coronavírus no Brasil aumentam quase 10 vezes 2021-08-03
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