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Política Após revés do PT nas urnas, Lula quer aproximação com prefeitos para neutralizar bolsonarismo em 2026

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O objetivo da “Marcha dos Prefeitos de Lula” é reunir 15 mil gestores no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para apresentar programas do governo.

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O objetivo da “Marcha dos Prefeitos de Lula” é reunir 15 mil gestores no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para apresentar programas do governo. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Com o PT apenas em nono lugar no ranking de prefeitos eleitos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma ofensiva para se aproximar dos mandatários de partidos de centro e da oposição e, consequentemente, pavimentar um caminho que possa resultar em alianças para o seu arco político em 2026.

O PT elegeu 252 prefeitos, resultado melhor na comparação com 2020, mas ainda distante do topo ocupado por PSD (887) e MDB (856). O PL, principal sigla da oposição, saiu das urnas com 516 chefes de executivos municipais, mais do que o dobro da sigla de Lula. Além disso, a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro vai comandar quatro capitais, enquanto apenas uma terá um petista à frente. No mês passado, o presidente reconheceu que era necessário “rediscutir” o papel do PT após o desempenho eleitoral.

Prefeitos são cabos eleitorais relevantes para a eleição de deputados federais e senadores – o bolsonarismo já manifestou que dará atenção especial ao Congresso em 2026, especialmente ao Senado. Na tentativa de neutralizar o plano dos opositores, a estratégia do Palácio do Planalto inclui um grande encontro de 11 a 13 fevereiro do ano que vem, em Brasília.

O objetivo da “Marcha dos Prefeitos de Lula” é reunir 15 mil gestores (prefeitos, vices e secretários dos 5.570 municípios) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para apresentar programas do governo, políticas públicas e possibilidades de financiamento.

Haverá palestras, oficinas com assistência técnica para acesso a programas e sistemas do governo federal, painéis e estandes com os 38 ministérios representados. Há uma ideia, ainda inicial, de oferecer aos prefeitos a possibilidade de indicar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com a intenção de prestigiá-los – e aproximá-los eleitoralmente.

O Planalto identificou também que existe uma crítica de prefeitos ao que consideram um excesso de burocracia para a contratação de obras, o que fez o governo elaborar mecanismos para acelerar o pagamento de recursos.

Os principais pedidos que chegam ao Planalto tratam de recursos para pavimentação, creches, escolas em tempo integral e Minha Casa, Minha Vida, além do agendamento de reuniões em ministérios como Saúde, Educação e Cidades. Procurada para comentar o viés eleitoral das ações, a Secretaria de Relações Institucionais não se manifestou.

Com essa movimentação, o governo tenta se aproximar dos prefeitos sem depender da Confederação Nacional de Municípios (CNM), entidade que representa mais de 5,2 mil municípios e organiza anualmente a Marcha dos Prefeitos, em Brasília, ocasião que os mandatários usam para pedir recursos a ministérios e parlamentares. A organização é comandada por Paulo Ziulkoski, visto com ressalvas por auxiliares de Lula pela relação próxima que manteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Quem tem o poder da caneta na mão, de conceder benefícios, forma uma pequena máquina partidária. Todos os prefeitos são bem recebidos, só que nada ou muito pouco acontece depois. Não é uma questão só do governo atual, mas de todos”, critica Ziulkoski. (AG)

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