Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2021
Parcela representava 18,7% de todos com esse diagnóstico clínico, durante a pandemia em 2020, agora o número caiu para 8,7%.
Foto: Rafael GarciaO efeito de proteção que a vacina da Covid conferiu a pessoas com 80 anos ou mais já se faz sentir nas estatísticas, indicam dados de notificação de pacientes atendidos com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil. Neste sábado, a vacinação no país completa três meses.
Enquanto essa parcela de idosos representava, em média, 18,7% de todos com esse diagnóstico clínico durante a pandemia em 2020, o número caiu para 8,7% na semana que se encerrou em 10 de abril, segundo dados do sistema Sivep-Gripe.
A redução também foi aparente entre pacientes de SRAG com mais de 80 que tiveram confirmação de diagnóstico para Covid-19 (queda de 18,0% para 8,3%).
Segundo o Ministério da Saúde, apenas 2 milhões de idosos nessa faixa, dentro de uma população estimada de 4,2 milhões, já receberam a segunda dose de vacina, mas o efeito nas estatísticas, em tese, já poderia ser parcialmente visível.
O potencial pleno de imunidade da vacina só se completa duas semanas depois da segunda aplicação, e, como os dados do Sivep-Gripe têm uma oscilação natural, é preciso ter cautela para interpretar os números. Ainda assim, especialistas mostram algum otimismo.
“É claro que o tempo vai trazer mais solidez para tirarmos essa conclusão, mas esse dado não me causa estranheza. Aquilo que estamos vendo é aquilo que esperávamos ver”, diz Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
“Ou os maiores de 80 se tornaram super-poderosos, ou mudou alguma coisa com a vacinação”, diz ela.
O epidemiologista Alexandre Kalache, do Centro Internacional de Longevidade, do Rio, considerou os novos dados do Sivep uma notícia “auspiciosa”, apesar de realçar que a situação ainda inspira cuidado.
“Esse dado é consistente com o que a gente esperava, porque o objetivo principal da vacinação agora é diminuir os casos graves, não necessariamente reduzir o número de infecções, que também inclui os mais leves”, afirma Kalache, que é especialista em acompanhamento da população idosa.
“É importante ver que os casos de SRAG que não foram atribuídos à Covid-19 também estão caindo, porque pode ter muita coisa mascarada ali que não foi diagnosticada”, completa.
Ele ressalta, porém, que mesmo a população vacinada precisa continuar se protegendo, porque a vacina não elimina totalmente o risco de desenvolver a doença, e o advento de novas variedades do coronavírus complica o cenário. As informações são do portal O Globo.