Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2024
O governo brasileiro foi informado oficialmente, na manhã dessa quinta-feira, sobre a visita do presidente Javier Milei a Santa Catarina, onde participará de um fórum de conservadores. Não há previsão de um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Será a primeira visita do presidente argentino ao País, quando dará uma palestra durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), um fórum de direita que será realizado no Balneário Camboriú. Um de seus compromissos será um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
De forma geral, quando um chefe de Estado vem ao Brasil, é encaminhada uma nota verbal, contendo dados como a rota, o plano de voo e autorização para sobrevoo no espaço aéreo brasileiro e pouso. A informação foi confirmada pelo Itamaraty e a Embaixada da Argentina em Brasília. A previsão é que Milei chegue ao Brasil em um voo da Força Aérea de seu país na noite de sábado (6) e retorne e a Buenos Aires no domingo (7), também no período da noite.
Descortesia
O governo Lula vai observar o tom do discurso de Milei em relação ao petista. Medidas de reprimenda diplomática estão sempre sobre a mesa, mas o Itamaraty tem evitado o confronto. A vinda ao Brasil sem qualquer referência ao presidente Lula foi interpretada como descortesia e provocação.
“Não me compete comentar declarações do presidente de outro país, nem do meu presidente”, disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe no Itamaraty, nesta terça-feira. “Trabalhamos para que as relações com a Argentina continuem sendo o que sempre foram, de dois países parceiros, com interesses enormes, as duas economias, as duas populações, com integração em múltiplos setores estratégicos, nuclear, espacial, defesa. É isso que a gente busca preservar.”
Mesma atitude
Milei repete no Brasil o que fez quando visitou a Espanha, em maio, e ignorou o premiê socialista Pedro Sánchez, em um episódio da crise política entre os países, que continua aberta. Ele disse recentemente que o premiê é “motivo de chacota” e o chamou de “incompetente” e “covarde”.
No país, Milei também participou de um comício que reúne lideranças mundiais de direita e extrema direita, a convite de Santiago Abascal, do partido Vox. Ele acusou a mulher de Pedro Sánchez de ser corrupta. A Espanha retirou sua embaixadora de Buenos Aires.
Reação no Senado
Mas as atitudes do argentino repercutiram no Congresso Nacional. O senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado de Lula, disse que Milei é um “vagabundo”, em resposta à nova ofensiva contra o petista. No entendimento do parlamentar, os ataques contra o presidente atingem o País.
“Quem é o Milei para sacar contra a maior autoridade do Brasil? Não é mais o Lula, ele é o Brasil nesse momento, gostando ou não dele. Não dá para aplaudir o Milei que está dando uma de moleque, que vai para a internet falar mal do presidente da República. Isso é coisa de moleque, de vagabundo. O Milei é um vagabundo. A Argentina tem um presidente que é vagabundo”, afirmou o senador.
Nos últimos dias, em uma inflexão da postura cautelosa que vinha adotando e dos sinais de interesse em contato pragmático, o libertário passou a criticar Lula, voltou a chamá-lo de “corrupto”, “comunista” e outros termos ofensivos e rejeitou um pedido de desculpas exigido pelo petista.