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Brasil As mulheres são quase 45% nos partidos, mas pouco menos de 11% no Congresso

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A iniciativa é do Observatório Nacional da Mulher na Política da Câmara dos Deputados em parceria com organizações da sociedade civil. (Foto: Elza Fiúza/ABr)

A desigualdade de gênero na política brasileira vem da base: maioria na população (51,7%), as mulheres são 44,27% dos filiados a partidos. O descompasso piora na escolha de candidatos, agrava-se nas eleições e situa o Brasil em 151º lugar no mundo. Em 2016, 31,6% dos candidatos foram mulheres. A assimetria piora entre os eleitos: na composição atual do Congresso, 10,94% dos parlamentares são mulheres. A média mundial é de 23,5%.

Para o professor da Universidade de Brasília e cientista político Wladimir Gramacho, os números refletem uma assimetria social. “Mulheres ainda têm menos chances de ocupar posições de liderança na política e nas empresas”. A situação no Executivo é semelhante.

Em 2014, só um Estado elegeu governadora: Suely Campos, do PP, em Roraima, que entrou na disputa após o marido ter a candidatura barrada pelo TSE. Menos de 12% dos municípios elegeram prefeitas em 2016. “Violência doméstica, deficit salarial, baixo acesso a cargos de chefia: o País não está avançando”, reforça a advogada Karina Kufa. Presidente do Instituto Paulista de Direito Eleitoral, ela critica recentes debates sobre a interrupção de gravidez, embora ressalve que a pauta não é uníssona. “Não apoio o aborto, mas critico fixar a criminalidade na mãe.”

A escritora Maria Aparecida Schumaher, a Schuma, reforça essa visão: “Nunca houve responsabilização dos homens no aborto; quem faz as leis são, na maioria, eles”. Ela é coordenadora-executiva da Redeh, que pesquisa dados sobre as mulheres no Brasil, e é coautora de livros como “Mulheres no Poder” (Edições de Janeiro, 2015).

“Não que homens não possam falar de direitos femininos, mas há pautas historicamente lesadas”, afirma a jornalista Giulliana Bianconi, uma das diretoras da agência Gênero e Número. Ela lamenta casos como o de uma deputada no RJ que “tinha tudo para se candidatar a deputada federal, mas desistiu por ter filho pequeno” como exemplo de que a questão é maior: “É preciso rediscutir a divisão do trabalho”.

No Brasil, há 90 anos foi eleita a primeira prefeita, Alzira Soriano (1887- 1963), em Lajes (RN), cassada em 1930, à ascensão de Getúlio Vargas. O País teve a primeira deputada federal em 1934: Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982), escolhida por SP para a Assembleia Constituinte.

A primeira senadora veio em 1979: Eunice Michiles (AM), suplente de um senador que morreu. Antes dela, a princesa Isabel havia sido senadora, em 1871, graças a uma reserva a “príncipes”. De 2009, a lei 12.034 destina no máximo 70% das candidaturas a um mesmo sexo —uma reserva às mulheres que fez crescer candidaturas delas, mas teve pouca influência na proporção de eleitas.

A média mundial de legisladoras foi de 23,5% em 2017, segundo a União Inter-Parlamentar, que compara 193 nações. O Brasil caiu do 116º posto para o 151º.

Para estudiosos, os obstáculos para a simetria de gênero na política são o financiamento e a visibilidade. “Não há reserva de verbas ou de propaganda. Sem dinheiro, ninguém faz campanha; sem visibilidade, ninguém se elege”, diz Karina Kufa, presidente do Ipade. Em 2014, campanhas de mulheres à Câmara arrecadaram, em média, menos de um terço que a dos homens. “Quando elas gastam o mesmo, têm mesmas chances”, diz a socióloga Clara Araújo, coordenadora de núcleo sobre desigualdade na UERJ e autora de “Gênero, Família e Trabalho no Brasil” (Editora FGV, 2005).

A cientista política Patrícia Rangel, que pesquisa o tema em pósdoutorado na USP, adiciona que, segundo estudos, quanto maior o nível de gastos nas campanhas, menos chances as mulheres têm. O problema é maior no Brasil, diz, “que gasta três vezes mais que a média latino-americana”. Rangel denuncia o uso de candidatas “fantasmas”, sem chances efetivas, só para cumprir a cota. Em 2016, 10% das candidatas a vereadoras tiveram zero votos ou apenas um. Entre homens, a proporção foi de 0,6%.

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https://www.osul.com.br/as-mulheres-sao-quase-45-nos-partidos-mas-pouco-menos-de-11-no-congresso/ As mulheres são quase 45% nos partidos, mas pouco menos de 11% no Congresso 2018-02-18
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