Quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 30 de março de 2016
Por décadas, Las Vegas, nos Estados Unidos, manteve com o cantor Elvis Presley uma relação do tipo “love me tender, love me true” (“Me ame com ternura, me ame verdadeiramente”, como versa a música). Mas a presença do rei do rock na cidade do pecado tem diminuído, imitador por imitador. “Vegas é, ironicamente, um mercado desafiador para Elvis”, observa Jack Soden, diretor da Elvis Presley Enterprises, responsável por gerenciar, entre outras coisas, Graceland, a casa do cantor em Memphis (EUA).
Um exemplo é a mostra “Graceland Apresenta Elvis”, no cassino Westgate Resort, em Vegas, encerrada em fevereiro após falhar em atrair visitantes – e que hoje rende uma batalha judicial. Não é o primeiro espetáculo relacionado a Elvis que acaba antes do tempo. A baixa audiência também cancelou o show “Viva Elvis Cirque du Soleil” em 2012, após dois anos de exibição, tempo muito menor do que a média (o recordista, “Myste’re”, está em cartaz há duas décadas).
O MGM Resorts, maior operador de cassinos local, está sem shows temáticos de Elvis. O rival Caesars ainda abriga tributos e casamentos, mas um porta-voz disse que poucos noivos têm escolhido os pacotes do artista. “É um ponto de virada. A ascensão de Elvis coincidiu com a ascensão de Vegas como capital do entretenimento”, diz Cory Cooper, historiador especializado no cantor – que se apresentou ali mais do que em qualquer outro lugar.
Ídolo do rock não faz parte da memória da nova geração.
Houve um tempo em que os fãs atravessavam os Estados Unidos para ver seus shows e, depois de 1977, ano de sua morte, prestigiar imitadores em seu tributo. Um deles, Ted Payne, 54 anos, que começou a se apresentar há seis, disse que o negócio caiu drasticamente. “Quando comecei, não ia dormir com menos de 150 dólares. Hoje, com 50 dólares tenho um grande dia.”
Elvis pouco faz parte da memória da turista Melanie Casas, 22, de Phoenix (EUA). “Eu o conheço, mas não sei nada a respeito”, contou, em sua primeira viagem a Las Vegas. Essa diferença de gerações pode ser apontada como responsável para a aparente perda de interesse no icônico artista – apesar de Soden garantir que 40% dos visitantes da mansão Graceland nasceram após a morte de Elvis.
A marca Elvis é uma das mais ativas e bem-sucedidas no entretenimento. A revista Forbes, em sua lista anual de faturamento de personalidades que já morreram, estimou um montante de 55 milhões de dólares em 2014 – na segunda posição, atrás apenas de Michael Jackson. Enquanto isso, o turismo de Las Vegas se reinventa: já se aventurou a tentar ser um destino familiar e hoje envereda na “persona” de playground de jovens ricos. “O problema é Vegas tentar escapar de suas origens, tentar reescrever sua história”, diz o historiador Cooper. (Folhapress)