Terça-feira, 14 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2016
Além do extremismo, dilemas psicológicos podem ter motivado Omar Mateen a matar 49 pessoas na maior tragédia com armas de fogo na história dos Estados Unidos. As investigações da polícia indicaram que ele frequentava a boate Pulse, palco do massacre, e usava aplicativos gays para encontros. Sua ex-mulher disse que ele tinha “tendência homossexual”, o que pode indicar uma questão de autoaceitação por trás da matança. Autoridades também avaliam qual era o envolvimento da mulher de Mateen, Noor Zahi Salman, de origem palestina, que poderá ser acusada de ligação com a chacina.
Sitora Yusufiy, ex-mulher do atirador de Orlando, afirmou que ele podia ser “homossexual” e que devia ter alguma razão psicológica para o ataque. Sitora, que agora é noiva do brasileiro Márcio Dias, teria relatado ao FBI (a polícia federal americana) que seu ex-marido tinha “tendências homossexuais”. Dias afirmou que o FBI pediu a Sitora para não falar sobre o assunto com a imprensa americana. “Ela me disse que o pai dele [Mateen] o chamou de gay várias vezes”, declarou.
Imigrante do Uzbequistão, Sitora afirmou que era vítima de abuso do ex-marido, de quem se divorciou em 2011. Ela disse também não acreditar em uma ligação com o terrorismo organizado.
O farmacêutico Jim Van Horn, 71 anos, disse que Mateen era um habitué da boate Pulse e ia para lá para conseguir homens. “Acho que ele lutava com seus próprios demônios, tratando de livrar-se de sua fúria contra a homossexualidade”.
A nova descrição representa uma contradição com as declarações de parentes do criminoso, que o classificaram como um homem calmo e educado, mas homofóbico. Relatos indicam que ele reclamava da mulher e do pai, que o proibia de beber. Em entrevista, o pai do atirador afirmou nunca ter desconfiado que o filho fosse gay.
Fanny Gómez Lugo, membro da OEA (Organização dos Estados Americanos dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais) afirma que, independentemente da relação ou não com o extremismo islâmico, há um claro caso de homofobia. Ela diz que é cedo pra dizer se o atirador tinha conflitos sexuais – ele poderia estar frequentando sites e locais gays apenas para preparar sua matança. Mas, se fosse o caso, ele poderia estar vivendo uma pressão que atormenta milhares de homossexuais. (AG)