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Ali Klemt Atenção plena

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

VAMOS VER SE VOCÊ VAI PRESTAR ATENÇÃO!

AHA! Está difícil manter a concentração em uma única coisa, ultimamente? Não se preocupem você não está só.

Tenho falado, reiteradamente, que é cada vez mais comum se pegar zapeando atrás de um bom seriado, rolando o feed das redes sociais atrás e um post interessante e pensando nos compromissos da semana, ao invés de prestar atenção no desabafo da amiga. Nós simplesmente deixamos de estar atentos. E não é de agora.

O mundo vem aumentando a sua velocidade de forma exponencial há algumas décadas, mas tomou proporções jamais imaginadas agora. Estamos reféns da necessidade de satisfação rápida e da recompensa imediata.

Não sei o que veio antes, o ovo ou a galinha, mas o fato é que o conteúdo das redes sociais – mais especificamente os vídeos curtos – mudaram, drasticamente, a nossa forma de viver. Se você conhecer só um pouquinho sobre marketing digital, já sabe que vídeos de até um minuto e meio são distribuídos mais rapidamente, e quanto mais rápido melhor, porque as pessoas não têm paciência de assistir até o final.

Gente, estamos falando de apenas NOVENTA SEGUNDOS. E as pessoas não aguentam assistir até o final! Não, isso não pode ser normal. Logo, tratamos de captar a atenção da ausência nos três primeiros segundos, como um gancho que aprende para aguentar os próximos 87. Mas eu até entendo, afinal, nosso dia tem apenas 24 horas, precisamos escolher com sabedoria o que consumir entre os milhares, milhões, talvez bilhões de conteúdos postados. Se você leu até aqui, parabéns, é uma pessoa diferenciada. Haja paciência – e concentração – para ler uma legenda de postagem, que dirá um texto inteiro!

Veja, sou muito adepta das redes sociais, acredito em muitas de suas vantagens e, inclusivo, aufiro renda da comunicação ali travada. Porém, elas representam apenas uma pequena parte de nossas vidas. Pequeníssima, aliás, e extremamente editada.

A vida, porém, é uma versão longa (se Deus quiser e se nos cuidarmos) e sem edições. Com trechos em preto e branco e partes sem legenda, que dependem de intensa concentração e de muita vontade de seguir adiante. Mas a estamos confundindo com a intensidade de um vídeo curto e acabando frustrados. Porque não existe entrega imediata: há que se entregar aos percalços da jornada e aos aprendizados do conteúdo que, ao contrário do que vemos por aí, não é nada óbvio.

Há como lidar com essa aparente incoerência entre o que a vida espera da gente, e o que o mundo virtual nos tem entregado? Claro que sim: busque o (re)equilíbrio. Trabalhe a atenção plena, busque atividades que exijam foco absoluto (musculação, tênis, tiro, o próprio ato de escrever ou, acreditem, maquiar-se, para ficar apenas nos meus exemplos pessoais mais constantes). Assista filmes de uma hora e meia de duração (não se assuste e acredite em mim: passa rápido) com tramas que possuem início, meio e fim. Reflita sobre elas. Melhor ainda, converse com alguém sobre as suas impressões e, mais importante, ouça, de forma ativa, a opinião alheia. Leia. Leia muito. E desenhe. Pinte e borde, de verdade ou figurativamente. Não haja apenas como um recebedor de informações que reage. Aja.

Tudo isso parece óbvio, mas temos visto apenas atropelos emocionais, pessoas sem atenção ao próximo, passando pela sua existência como quem passa pelos pedintes nas esquinas evitando confrontar a realidade da sua própria existência vazia.

Doeu em você? Que bom, sinta a dor, deixe sarar e volte mais forte. E mais atento. E mais pronto para receber não só a dopamina da recompensa rápida, mas, também, para aquecer em fogo brando as emoções mais profundas e, quem sabe, poder acumular não só cicatrizes, mas sentimentos profundos de sabedoria, amor e gratidão pelo caminho resilientemente tomado.

(Ali Klemt)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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