Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de junho de 2021
Um estudo realizado no Reino Unido constatou que o consumo de café pode reduzir os riscos de doenças hepáticas e câncer no fígado. O estudo, coordenado pela Universidade de Southampton e publicado no periódico BMC Public Health, constatou que o consumo de café, de qualquer tipo, é realmente eficiente na diminuição de riscos de doenças hepáticas.
Foram realizados testes em quase 500 mil voluntários, com idade entre 40 e 69 anos. Destes, 78% afirmaram consumir café.
Durante o período de 11 anos foi realizado um acompanhamento da saúde hepática de cada participante. Nesse tempo, foram detectados 3,6 mil casos de doenças hepáticas; destes, 301 resultaram em morte, e 1,8 mil resultaram em gordura no fígado.
Todos os participantes foram questionados sobre a quantidade de café que consumiam por dia. Além disso, o tipo de café também foi avaliado: descafeinado, instantâneo, moído ou outros. Outro ponto foi o consumo de bebida alcoólica por parte dos voluntários, avaliando seu consumo semanal e mensal.
Foi constatado, então que, a partir de fatores como consumo de bebida alcoólica e IMC, as pessoas que consumiam café, de qualquer tipo, possuem 20% menos chances de desenvolver doença hepática, ou gordura no fígado.
As reduções dos riscos foram aumentadas proporcionalmente conforme o maior consumo de café, variando entre 3 e 4 xícaras diárias. Os resultados também mostraram 49% menos chances de morrer em decorrência de doenças hepáticas.
“Este estudo é o primeiro, até onde sabemos, a investigar diretamente o potencial de diferentes tipos de café como uma intervenção para prevenir o início ou a progressão da doença hepática crônica (DHC). Existem poucos relatos na literatura sobre tipos específicos de café. Um pequeno estudo na França descobriu que o café moído, filtrado, mas não o expresso, estava associado a um risco reduzido de fibrose em mulheres obesas com NAFLD (doença esteatótica não alcoólica do fígado)”, diz a pesquisa.
Fatores de risco
Os fatores de risco para doença hepática incluem álcool, obesidade, diabetes, tabagismo, infecções por hepatite B e C e doença hepática gordurosa não alcoólica, que é o acúmulo de gordura extra nas células do fígado que não é causado pelo consumo de álcool.
Os diagnósticos de doença hepática gordurosa não alcoólica, que atinge pessoas obesas, com sobrepeso ou que têm diabetes, colesterol alto ou triglicerídeos altos, mais do que dobraram nos últimos 20 anos, de acordo com a American Liver Foundation, afetando até 25% dos norte-americanos.
A taxa de câncer de fígado mais do que triplicou entre 1980 e hoje, “enquanto as taxas de mortalidade mais do que dobraram”, segundo a American Cancer Society.
As causas do câncer de fígado incluem diabetes e doenças não alcoólicas do fígado, bem como pelo consumo excessivo de álcool ou por infecções por hepatite B e C.
Os diagnósticos de câncer de fígado têm aumentado globalmente há décadas – um estudo de 2018 encontrou um aumento de 75% nos casos em todo o mundo entre 1990 e 2015.
O câncer de fígado é o sexto tipo de câncer mais comum em todo o mundo, de acordo com o World Cancer Research Fund, com cerca de 83% dos casos ocorrendo em países menos desenvolvidos, especialmente os da Ásia e da África. As taxas de sobrevivência são baixas porque não há sintomas iniciais, portanto, muitos casos de câncer de fígado estão bastante avançados no momento do diagnóstico.
Outras doenças
O estudo examinou o consumo de café entre 494.585 participantes do UK Biobank, um banco de dados biomédico e de recursos de pesquisa, e os acompanhou por quase 12 anos.
Enquanto o benefício máximo foi observado no grupo que bebeu café com cafeína ou descafeinado moído, os bebedores de café instantâneo também viram alguns benefícios.
O café moído tem níveis mais altos de kahweol e cafestol, dois antioxidantes encontrados nos grãos de café que, em estudos, mostraram ter propriedades anti-inflamatórias. O cafestol, no entanto, também demonstrou aumentar o colesterol ruim, ou LDL (lipoproteínas de baixa densidade).
Este não é o primeiro estudo a descobrir os benefícios do café para a saúde. Um estudo publicado em fevereiro descobriu que beber uma ou mais xícaras de café preto com cafeína por dia estava associado a um risco reduzido de insuficiência cardíaca em longo prazo.
O café também demonstrou reduzir o risco de diabetes tipo 2, doença de Parkinson, câncer de próstata, Alzheimer, esclerose múltipla, melanoma e outros cânceres de pele, além de reduzir os níveis de cálcio nas artérias coronárias. E um estudo anterior de Kennedy descobriu que beber café reduzia o risco de câncer hepatocelular, a forma mais comum de câncer de fígado.