Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2020
Valeixo foi superintendente da PF no Paraná durante a Lava-Jato
Foto: Agência BrasilO diretor-geral da PF (Polícia Federal), Maurício Leite Valeixo, foi demitido do cargo nesta sexta-feira (24). A exoneração ocorreu “a pedido”, segundo decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, e publicado no Diário Oficial da União.
Na quinta-feira (23), Moro teria dito ao presidente que pediria demissão se Valeixo fosse demitido, segundo informações divulgadas pela imprensa nacional. Conforme interlocutores, Moro avalia deixar o governo diante desse cenário. Ele vai conceder uma entrevista coletiva no fim da manhã desta sexta. Oficialmente, o Ministério da Justiça nega que Moro tenha chegado a pedir demissão.
Valeixo foi superintendente da PF no Paraná durante a Lava-Jato, quando Moro era juiz federal responsável pelos processos da operação na primeira instância. O ministro anunciou a escolha de Valeixo para comandar a PF em novembro de 2018, antes mesmo da posse do governo Bolsonaro.
Após desgastes, Valeixo negociava uma saída pacífica do cargo para meados de junho, mas a antecipação da demissão surpreendeu aliados. Agora, o presidente quer indicar um nome de sua confiança ao comando da PF, mas Moro se posicionou contrariamente e tenta controlar a sucessão na corporação para blindá-la de influência política.
Um dos nomes do agrado do presidente Bolsonaro é o delegado Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do governo do Distrito Federal. Ele enfrenta total oposição de Moro. Desde o fim do ano passado, Torres tem se articulado politicamente para suceder Valeixo, o que provocou “a ira” do atual ministro da Justiça.
Fontes da cúpula da PF avaliam que a indicação de Torres seria um aceno de Bolsonaro para políticos do Centrão, que são alvos de investigações na Lava-Jato.
Um dos nomes que tem a confiança de Moro para o cargo é o atual diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Fabiano Bordignon, que também é visto com bons olhos dentro da PF.
Ao escolher Moro para o cargo de ministro da Justiça, em 2018, Bolsonaro havia prometido “carta-branca”, de maneira que o trabalho do ex-juiz não sofresse interferências. Mas, desde então, Bolsonaro e Moro acumulam algumas divergências – uma delas em relação ao comando da PF.