Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2019
Em um culto realizado na Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (10) que indicará para uma das vagas no STF (Supremo Tribunal Federal) um nome “terrivelmente evangélico”.
Na cerimônia promovida pela bancada evangélica, na qual recebeu bênção do bispo licenciado da Universal Marcos Pereira (PRB-SP), o presidente lembrou que o Estado brasileiro é laico, mas ressaltou que isso não impede que ele seja “terrivelmente cristão”.
A indicação de ministros do Supremo é uma atribuição do presidente da República, que depois precisa ser aprovada pelo Senado. Até o final do seu mandato, Bolsonaro poderá indicar ao menos dois deles.
O primeiro ministro do Supremo que deve deixar a Corte é o decano Celso de Mello, que completa 75 anos – a idade de aposentadoria obrigatória – em novembro de 2020. A segunda vaga no STF deve ficar disponível com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em julho de 2021.
Bolsonaro chegou a dizer neste ano que havia reservado uma das vagas a Sérgio Moro, ex-juiz da Lava-Jato que deixou a magistratura para se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública. Depois, negou haver qualquer acordo e disse apenas buscar alguém com o perfil dele.
O presidente disse que apontará um nome “terrivelmente evangélico” em dois momentos da sua visita ao Poder Legislativo: no culto religioso e no plenário da Câmara, quando participou da sessão solene em homenagem aos 42 anos da Igreja Universal do Reino de Deus.
“O Estado é laico, mas somos cristãos e, entre as duas vagas que terei direito a indicar para o STF, um será terrivelmente evangélico”, repetiu. A declaração causou mal-estar na equipe de Moro, que até então era considerado o favorito para a vaga de 2020.
O receio do grupo é de que, por conta do desgaste causado na imagem do ministro com o vazamento de mensagens privadas, Bolsonaro postergue sua indicação para 2021, dando o primeiro posto a um evangélico. Em diálogos revelados pelo site The Intercept Brasil, Moro, então juiz da Lava-Jato, dá conselhos a procuradores, indica testemunhas e sugere alterações na ordem das fases da operação.
O presidente já manifestou incômodo com a possibilidade de um nome indicado por ele ser rechaçado pelo Senado, risco que passou a ser levado em conta para a indicação de Moro. Caso Bolsonaro opte por segurar a escolha do ex-juiz da Lava-Jato em Curitiba, dois nomes são considerados favoritos para a vaga de Celso de Mello: o do ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), André Luiz Mendonça, e o do juiz federal Marcelo Bretas, que conduz a Lava-Jato no Rio de Janeiro.