Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por adm | 15 de abril de 2020
A União nega aos Estados e municípios o repasse solicitado de recursos para manter a máquina administrativa em consequência da queda na arrecadação de tributos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que não assina cheque em branco e a liberação será específica para o combate ao coronavírus.
Precisa dar o exemplo
Na decisão de Guedes está embutido o recado: as estruturas devem ser menos onerosas e perdulárias e mais eficientes. Acrescente-se: deve valer para todo o núcleo do poder da capital federal, que costuma gastar à vontade.
Conceito de zelo
Em palestras, o ex-ministro e ex-deputado federal Delfim Netto costuma citar trecho de um livro de Jacques Necker:
“Quando uma imensa massa de dívida pública, ou de antigas liberdades convertidas em vantagens pecuniárias, soma-se aos dispêndios inúteis, injustos ou exagerados, a nação perde a noção de proporcionalidade. É incapaz de distinguir entre o sacrifício que dela se exige e as despesas realmente necessárias para o bem do Estado.”
Distante e próximo
Parece ser um texto recente. Necker, economista nascido na Suíça, foi nomeado pelo rei Luís XVI para dirigir as finanças da monarquia francesa, entre 1776 e 1789.
Novos tempos
José Sarney, em um artigo no final da década de 1990, escreveu: “Gostar de mandar não é comportamento só de pessoas. Os países, mais do que homens, sublimam-se na compulsão do poder, em busca de construir e ampliar o império.”
Quem poderia imaginar?
Os efeitos não tem precedentes: confinamento residencial, sistema produtivo travado e Produto Interno Bruto indo para baixo. Os prejuízos igualam os países. Usando um jargão do boxe, deixa-os na lona. Exceção da China.
No enfrentamento da crise
Mesmo com os ataques quase diários do presidente Jair Bolsonaro, nunca um governo utilizou tanto os veículos de comunicação. Ministros e técnicos aproveitam os amplos espaços postos à disposição para orientar e esclarecer a população.
Confiáveis
Não haverá pedido, mas quando a pandemia passar, muito provavelmente virá o agradecimento do governo pela prestação de serviço de jornais, sites, rádios, jornais e TV. Veículos com nome, identificação de endereço, CNPJ e diretores registrados.
O poder gosta de uma só versão
A relação conflituosa vem de longe. Somente com a chegada de Dom João VI, em 1808, instituiu-se a Imprensa Régia, onde passou a ser impresso a Gazeta do Rio de Janeiro, a partir de 10 de setembro do mesmo ano. Foi o primeiro jornal do país e só podia publicar a versão oficial. Até 1821, tinha duas edições semanais. Depois passou a circular três vezes por semana.
O primeiro jornal brasileiro que incluía conteúdo de oposição só pôde ser editado em Londres por Hipólito José da Costa. Circulou de 1º de junho de 1808 a 1923. Chegava ao Rio de Janeiro de forma clandestina.
Conflito no meio da tragédia
O presidente Donald Trump arrumou um adversário de peso: o jornal The York Times que o acusa de expor seu fracasso no combate ao coronavírus. Afirma que é lento e responsável pelo desastre no país. Chegou a 25 mil e 402 o número de mortos nos Estados Unidos.
Querendo escapar, Trump achou um culpado: o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus. Ontem, ordenou a suspensão do envio de verbas para a entidade. A França dá sinais de que ficará ao lado do presidente norte-americano.
Não saiu do papel
A 15 de abril de 2000, a Universidade Federal do Rio de Janeiro apresentou ao governo do Estado o resultado de consultoria sobre o futuro do cais de Porto Alegre. Apontou consequências do abandono dos armazéns desde a década de 1980 e concluiu sobre viabilidade de transformação em área de turismo, cultura e lazer. Passados 20 anos, nada aconteceu, a não ser a elaboração de editais equivocados.
Vão empurrando
Governos não têm interesse em discriminar todos os impostos na nota fiscal, como exige a legislação. Osiris Lopes, que foi superintendente da Receita Federal e defensor da transparência, dizia: “O que os olhos não veem, o bolso não sente.”