Geral Cheia do Guaíba atinge maior marca desde 1941
Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2015
O nível do Rio Guaíba no cais Mauá, em Porto Alegre, chegou a 2,89 metros por volta das 19h dessa segunda-feira, a maior marca registrada desde 1941, segundo o Ceic (Centro Integrado de Comando). Já a Superintendência de Portos e Hidrovias apontava medição de 2,92 metros. As águas chegaram a invadir o calçadão do porto. A marca ultrapassou o nível da enchente que ocorreu na capital gaúcha em 1967 (2,83 metros).
Pela segunda vez na história do município foram fechadas todas as 14 comportas do sistema de contenção de enchentes no porto. A última foi cerrada nessa segunda-feira, com a ajuda de uma retroescavadeira. As outras 13 haviam sido fechadas no domingo. “É uma medida preventiva. Estamos, pela primeira vez, utilizando efetivamente o sistema de proteção contra cheias”, disse o prefeito José Fortunati. As 14 comportas do Muro da Mauá já haviam sido fechadas em caráter experimental em 1985.
Também estão em funcionamento 17 das 18 casas de bombas (uma delas está em manutenção). O Departamento de Esgotos Pluviais monitora a situação de arroios e valas que, apesar de terem passado por limpeza, continuam com níveis altos.
Imagem mostra o nível da água na ponte do Clube dos Jangadeiros, em Porto Alegre. (Foto: Especial/O Sul)
Equipes da Fundação de Assistência Social e Cidadania recebem doações de roupas, alimentos, produtos de higiene e limpeza e fraldas no ginásio Tesourinha, na capital gaúcha, onde estão famílias da região das ilhas atingidas pela enchente do Guaíba. Há pelo menos 225 pessoas no local, a maioria da ilha Grande dos Marinheiros. Em um esforço conjunto da prefeitura com a comunidade e a iniciativa privada, foi organizada uma festa de Dia das Crianças para os cerca de 80 menores que estão no ginásio.
Na ilha do Pavão, 50 pessoas permanecem no salão de uma igreja. Na ilha das Flores, são 80 abrigados em um salão comunitário. A Defesa Civil trabalha no atendimento às famílias da ilha da Pintada que se negam a deixar o local. Cerca de 60 pessoas estão na sede do Centro Administrativo Regional.
O total de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul ultrapassou 44 mil nessa segunda-feira. O número de cidades atingidas subiu para 56. Três novos municípios – Arambaré, Dom Feliciano e Uruguaiana – foram acrescentados à lista. São 4.049 desabrigados (acolhidos em abrigos) e 3.861 desalojados (em casas de amigos ou parentes), segundo a Defesa Civil.
Ao menos dez municípios têm decreto cadastrado no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil: Campestre da Serra, Sobradinho, Itaara, Silveira Martins, Ibarama, Nova Esperança do Sul, Miraguaí, São Jerônimo, São Gabriel e Nova Esperança do Sul. Os rios Gravataí (em Gravataí), Sinos, Jacuí, Uruguai e Caí (em Montenegro) tinham marcas superiores ao nível de alerta às 19h dessa segunda-feira. Há registro de dois homens desaparecidos em rios de Bagé e Alegrete.
A secretaria dos Transportes e o Daer (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) declararam situação de emergência em duas rodovias. As condições mais graves são a da RSC-287, em Santa Maria, que foi interditada após a queda do aterro de uma das cabeceiras da ponte sobre o arroio Figueira, e da ERS-149, entre Faxinal do Soturno e Nova Palma, onde parte do asfalto cedeu. Levantamento preliminar do Daer apontou que ao menos 22 estradas foram danificadas ou precisaram ter o trânsito interrompido em razão da chuva forte. Na BR-290, entre Eldorado do Sul e Porto Alegre, houve congestionamentos devido a motoristas que reduziam a velocidade para ver a cheia na ponte sobre o rio Jacuí.
Quase cinco mil clientes seguiam sem energia elétrica até o final da noite dessa segunda-feira no Estado. A cheia do Guaíba dificulta o restabelecimento.
Eldorado do Sul
A prefeitura de Eldorado do Sul decretou estado de emergência devido às chuvas e aos alagamentos. O número de atingidos é maior do que a metade da população, com cerca de 20 mil pessoas afetadas na cidade.
