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Por Redação O Sul | 3 de maio de 2016
Um grupo internacional de cientistas descobriu três planetas de tamanhos e temperaturas semelhantes às da Terra que orbitam ao redor de uma estrela anã ultrafria a apenas 40 anos-luz da Terra. O anúncio foi feito pelo ESO (Observatório Europeu do Sul). Os astrônomos fizeram esta descoberta ao detectar através do telescópio TRAPPIST, instalado no Observatório La Silla (Chile), que esta estrela desvanecia em intervalos regulares, o que significa que vários objetos passavam entre ela e a Terra. Segundo os astrônomos, a estrela TRAPPIST-1, que fica na constelação de Aquário, é uma estrela anã frágil, mais fria e vermelha que o Sol, e de um tipo muito comum na Via Láctea, mas se trata da primeira vez que foram encontrados planetas gravitando ao seu redor.
Os achados deste estudo, publicado pela revista Nature, foram defendidos com entusiasmo por Emmanuël Jehin, um dos cientistas envolvidos. “Se trata de uma mudança de paradigma”, comemorou ele. Julien de Wit, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) (EUA), afirmou que a descoberta “é um passo gigante na busca de vida no Universo”.
“Se quisermos encontrar vida em outros lugares do Universo, aí é onde devemos começar a buscar”, explicou o responsável pela equipe de astrônomos, Michaël Gillon, do Instituto de Astrofísica e Geofísica da Universidade de Liège, Bélgica.
Determinar o tamanho destes três planetas foi possível graças a aparelhos ópticos maiores, como o instrumento HAWK-I, instalado no telescópio de longo alcance (VLT, e de oito metros) do Observatório La Silla. O estudo constatou que, do trio de planetas, dois deles demoram 1,5 e 2,4 dias respectivamente para completar sua órbita, enquanto o terceiro gasta entre 4,5 e 73 dias.
A consequência destes períodos orbitais tão curtos é que “os planetas estão entre 20 e 100 vezes mais perto de sua estrela que a Terra do Sol”, explicou Gillon.
Paradoxalmente, os dois planetas mais próximos recebem só quatro e duas vezes a radiação que a Terra recebe, enquanto o terceiro, exterior, provavelmente recebe menos que a Terra. Atualmente estão em construção vários telescópios gigantes com os quais De Wit acredita poder estudar estes planetas e suas atmosferas, “primeiro na busca de água e depois de plantas de atividade biológica”. O ESO espera abrir uma nova via para a caça de exoplanetas que possam ser habitáveis, “primos” da Terra em condições, como os descobertos neste estudo. (AG)