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Por Redação O Sul | 12 de fevereiro de 2021
Com o impacto da pandemia, a economia britânica encolheu 9,9% em 2020, o maior tombo anual em mais de 300 anos. Conseguiu evitar, contudo, entrar em recessão após alta no fim do ano passado e estima estar no caminho da retomada em 2021. O produto interno bruto (PIB) do Reino Unido cresceu 1% entre outubro e dezembro, no topo das estimativas de economistas ouvidos em levantamento feito pela Reuters.
O PIB dos Estados Unidos, maior potência econômica global, também foi fortemente afetado pela panedemia, encolhendo 3,5% em 2020, o maior tombo já registrado desde 1946, quando o país tentava se recuperar da Segunda Guerra Mundial. A China, que foi berço da pandemia, terminou o ano de 2020 com crescimento econômico de 2,3%.
Com isso, a economia britânica deve contornar o risco de dois trimestres seguidos de contração — o que define a entrada do país em recessão na Europa — apesar da previsão de que a economia tenha uma queda brusca no início deste ano em razão a efeitos do terceiro lockdown em meio ao recrudescimento da pandemia.
“Na medida em que e quando as restrições forem reduzidas, continuamos a prever uma retomada vigorosa na economia”, diz Dean Turner, economista da UBS Global Wealth Management. Em dezembro de 2020, a economia britânica cresceu 1,2%, após um recuo de 2,3% em novembro, quando houve um lockdown parcial, que resultou em produção 6,3% menor do que em fevereiro, antes do início da pandemia, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas.
O Banco da Inglaterra, porém, prevê que a economia vai encolher em até 4% no primeiro trimestre de 2021 devido não apenas ao novo lockdown, mas também pelo Brexit. O banco central do país avalia que a economia britânica só vai voltar ao tamanho anterior à pandemia no início de 2022, considerando que a vacinação contra a Covid-19 continue gradualmente.
“O resultado divulgado mostra que a economia experimentou um grave choque de impacto da pandemia, sentido por países de todo o mundo”, declarou o ministro das Finanças, Rishi Sunak. Enfrentando o maior endividamento do país desde a Segunda Guerra Mundial. Sunak vai definir por quanto tempo planeja continuar a garantir recursos para benefícios emergenciais ao determinar o orçamento anual no próximo dia 3 de março.
A queda no PIB de 2020 foi a maior da série histórica moderna, iniciada logo após a Segunda Guerra. Dados do Banco da Inglaterra sugerem que foi o maior tombo desde o chamado Grande Inverno europeu, na virada de 1708 para 1709, o mais severo já registrado na região.
O tombo também foi maior que o registrado pela maioria das grandes economias, embora a Espanha — também fortemente afetada pelo coronavírus — tenha retraído 11% em 2020. O Reino Unido teve a maior taxa de óbitos da Europa e está entre os mais altos índices per capita pela doença em todo o mundo.
Parte do prejuízo também reflete a forma como a economia britânica depende mais do setor de serviços do que outros países, além de disrupções na educação e no sistema de saúde, que poucos países contabilizam no PIB. De outro lado, o Reino Unido é o país com maior número de pessoas vacinadas na Europa até aqui, elevando a previsão de uma retomada de sua economia mais à frente este ano.
O economista-chefe do Banco Central britânico, Andy Haldane, disse que o crescimento econômico poderia atingir dois dígitos no próximo ano porque as famílias estão sentadas sobre uma poupança forçada após tanto tempo presas em casa.
Economistas avaliaram que o resultado do PIB de 2020 mostra que a economia britânica se mostrou mais resiliene aos lockdowns do que no início do ano passado. “O prejuízo vindo das restrições diminuiu desde o primeiro lockdown, no segun do trimestre de 2020, e está mais concentrado em poucos setores de consumo fortemente impactados, com o hospedagem e eventos entre eles”, avaliou James Smith, economista do ING.
O impacto da pandemia não foi homogêneo. Alguns setores, como na indústria, recuaram em 2,5% na comparação com dezembro de 2019, enquanto o de serviços, que é bem maior, caiu 7,2%. Lojas de rua, bares e restaurantes foram os mais afetados. Mas o desemprego não subiu tanto quanto o esperado, contido por auxílios adotados pelo governo.