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Política Com aval de Bolsonaro, ex-diretor da Abin diz que gravou reunião para registrar suspeita que acabou não ocorrendo

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O áudio faz parte das provas de uma investigação da PF sobre um funcionamento paralelo da Abin no governo Bolsonaro. (Foto: Carolina Antunes/PR)

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), disse nesta segunda-feira (15) que gravou uma reunião com Jair Bolsonaro contando com o aval do ex-presidente. A gravação da reunião, ocorrida em agosto de 2020, foi revelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também nesta segunda.

O áudio faz parte das provas de uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre um funcionamento paralelo da Abin no governo Bolsonaro para beneficiar o ex-presidente e seus familiares. Na reunião gravada, segundo a PF, Bolsonaro, Ramagem, as advogadas do senador Flávio Bolsonaro e o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno discutiam formas de usar instituições do Estado para blindar Flávio. Na época, o senador era investigado por suposta prática de rachadinhas em seu gabinete durante o mandato de vereador no Rio de Janeiro.

Pouco depois que a gravação se tornou pública, Ramagem se manifestou em suas rede sociais. O ex-diretor da Abin disse que a gravação foi feita porque havia uma informação de que um emissão do governo do Rio de Janeiro participaria da reunião e faria uma proposta “pouco republicana” para Bolsonaro. A pessoa acabou não participando da reunião, mas a proposta foi feita assim mesmo. Na época, o governador do Rio de Janeiro era Wilson Witzel.

“A gravação da reunião de agosto de 2020 não foi clandestina; houve o aval e o conhecimento do presidente para que ela ocorresse. A gravação foi realizada devido a uma informação recebida sobre uma pessoa que participaria da reunião e que teria contato com o governador do Rio de Janeiro na época. Havia a preocupação de que essa pessoa pudesse apresentar uma proposta nada republicana”, afirmou Ramagem.

“Portanto, a gravação tinha o objetivo de registrar um possível crime contra o presidente da república. No entanto, a gravação foi posteriormente descartada”, continuou o deputado.

A reunião
Em determinado momento do encontro gravado, a advogada Luciana Pires fala em buscar dados sobre pessoas envolvidas em apurações sobre Flávio Bolsonaro. Para os investigadores, isso evidencia o uso da estrutura da Abin para tentar retaliar os auditores que investigaram Flávio. Uma das linhas de investigação da Polícia Federal é de que o entorno de Bolsonaro buscou quem dentro da Receita estava fazendo a investigação, para, posteriormente, tirar a pessoa do processo.

Para isso, era preciso entrar no sistema da Receita ou acessar os dados de alguma maneira por fora das investigações oficiais. A reunião tem pouco mais de 1h. Poucos minutos após o início, Bolsonaro diz:

“Ninguém tá pedindo favor aqui, [inaudível] é o caso conversar com o chefe da Receita. O Tostes”. Ele se referia a José Tostes, então chefe da Receita Federal.

Os demais participantes comentam positivamente sobre essa sugestão. Depois, Bolsonaro sugere falar com Gustavo Canuto, que era na época o presidente do Dataprev, órgão do governo que lida com dados da administração pública.

“É o zero um dos caras. Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto”, explica Bolsonaro.

“Eu caso [sic] conversar com o Canuto?”, questiona Bolsonaro.

A advogada Luciana Pires responde o ex-presidente:

“Sim, sim. Com um dique. Olha, em tese, com um dique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá”.

Nesse momento, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, diz que essa essa estratégia discutida entre ele na reunião tem que ficar fechadíssima. Ou seja, não vazar.

“Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível]”, afirma Heleno.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, então, diz:

“Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém”.

A quarta fase da operação Última Milha, deflagrada na semana passada, cita o áudio da reunião entre os quatro, durante a qual Ramagem teria dito que era preciso tomar medidas para anular a investigação que atingia o filho do ex-presidente. Nessa reunião, segundo a PF, foi discutida uma estratégia para desmoralizar e afastar os auditores da Receita Federal envolvidos na apuração.

Os servidores da Receita levantaram movimentações de Flávio Bolsonaro a partir de levantamentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostrando incompatibilidade com a renda do senador. O áudio também mostra que Bolsonaro sugeriu falar sobre o caso Flávio com os então chefes do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e da Receita.

 

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