Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de julho de 2025
O Brasil pode perder até US$ 1 bilhão na venda de carne bovina para os Estados Unidos, caso entre em vigor a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, prevista para começar a ser aplicada a partir desta sexta-feira (1°). A estimativa foi divulgada nessa terça (29) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), entidade que representa grandes empresas do setor, como a JBS e a Marfrig.
Segundo a Abiec, a imposição dessa tarifa pode tornar inviáveis as vendas para o mercado norte-americano, impactando diretamente o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina no segundo semestre de 2025. Atualmente, os Estados Unidos ocupam a segunda posição entre os maiores compradores da carne bovina produzida no Brasil, ficando atrás apenas da China. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, os EUA são responsáveis por cerca de 12% de todo o volume exportado, enquanto os chineses respondem por aproximadamente 48%.
Roberto Perosa, diretor da Abiec, afirmou que as empresas brasileiras do setor esperavam exportar em torno de 400 mil toneladas de carne bovina para os EUA até o final deste ano. No entanto, com a implementação da nova tarifa, essas expectativas podem não se concretizar. “A imposição de uma tarifa de 50% tornaria as vendas inviáveis”, declarou Perosa. Ele acrescentou que não há, neste momento, outro mercado que possa substituir de forma imediata os Estados Unidos, tanto em termos do volume demandado quanto do preço que os compradores americanos estão dispostos a pagar.
No primeiro semestre de 2025, os frigoríficos brasileiros exportaram aproximadamente 181 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, movimentando cerca de US$ 1 bilhão, conforme dados comerciais divulgados pela Abiec. Esse volume corresponde a aproximadamente 12% de todas as exportações brasileiras de carne bovina no período. Com a possível aplicação da tarifa, essa participação pode sofrer uma queda significativa, o que afetaria negativamente a balança comercial do setor.
A medida, se confirmada, pode ter impactos econômicos relevantes para os frigoríficos brasileiros, que já enfrentam desafios em outros mercados internacionais, como a Europa e alguns países da Ásia. Ainda de acordo com Perosa, o mercado americano tem características específicas que o tornam estratégico para o Brasil, especialmente por permitir a diversificação de produtos e a agregação de valor às exportações. “Não existe, neste momento, um mercado que consiga absorver o mesmo volume com a mesma rentabilidade”, concluiu o diretor da Abiec.