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Colunistas Coragem para ser otimista

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A construção de um projeto no qual o Brasil possa se imaginar, sem falsas expectativas, como membro importante no concerto das nações desenvolvidas, parece cada vez mais longe de ser concretizado. Uma série de indicadores vitais teimam em pouco avançar, quando não estão em franca desaceleração. Os temas centrais que formatam a espinha dorsal de qualquer país desenvolvido têm na educação um pilar fundamental, seguido por boas políticas de saúde, de segurança pública, moradia decente para a população, assim como sistemas adequados de saneamento básico e amigável ambiente de negócios. Além disso, a ideia de prosperidade econômica e social, em qualquer lugar, não pode prescindir de sólidas instituições, uma democracia saudável, forte sentido de justiça social e um povo que cultiva o sentimento de pertencimento a um horizonte no qual possa ver espelhada a sua real contribuição. Apesar de avanços pontuais e de algumas reformas, não há como negar que o ritmo atual das mudanças não sinaliza o futuro por todos almejado.

Imaginar algo melhor para o País, assim, exigirá muito mais do que otimismo. Reivindicará, como dizia o grande Winston Churchill, muita coragem, que é a primeira das qualidades humanas, já que garante todas as outras. É fácil constatar que estamos numa quadra histórica muito diferente da Inglaterra daqueles tormentosos anos que fizeram as qualidades de Churchill florescer. Na verdade, talvez a única semelhança possível seja justamente que também precisamos de alguém capaz de canalizar todas as nossas energias para um projeto nacional, não para combater um inimigo externo, mas para aglutinar as forças internas hoje tão divididas. Nesse sentido, A polarização política que vivemos opera em sentido contrário aos nossos interesses, dividindo e segregando, em vez de somar e integrar.

Olhando em retrospectiva, também não é difícil verificar quão estreito e sinuoso é o caminho para o pleno desenvolvimento de um país, o que torna ainda mais urgentes boas escolhas estratégicas. Já está consagrado que o tempo da espoliação de riquezas via colonialismo passou, que também estão plenamente cristalizados os ganhos com a Revolução Industrial e que hoje a verdadeira arena competitiva está concentrada na revolução do conhecimento. Se não temos nenhuma das heranças da pilhagem colonialista e somos uma nação de desenvolvimento tardio e incompleto, mais clara se torna a irrenunciável necessidade de aproveitar talvez a última janela de oportunidade em termos transformacionais em séculos, como se apresenta hoje a revolução tecnológica. Ignorar esse momento singular da história nos confinará a um não futuro, com todos os reflexos econômicos e sociais daí resultantes.

Com efeito, um bom começo para ingressarmos nessa agenda do amanhã, que obviamente implicará um recondicionamento do hoje, é construir uma pauta catalisadora capaz de unir, minimamente, os atores que ora se digladiam. Porém, em vez de grandes temas nacionais, assistimos preponderar atualmente uma agenda miúda, focada na pauta de costumes, em questões como aborto, posse de armas, uso recreativo da maconha e outros que, apesar de importantes dentro de um espectro mais abrangente de discussão, obscurecem e tiram o foco das verdadeiras e inadiáveis reformas que necessitamos realizar. Estamos presos, e nada sinaliza mudanças a curto prazo, na lógica perversa e disfuncional de um “nós contra eles” contraprodutivo e paralisante, entre a esquerda e a direita, incapazes de dialogar e convergir nos assuntos de interesse central ao País, ratificando a máxima de que o Brasil marca encontro com o futuro, mas não comparece. Aliás, o desalento anda de tal sorte em voga, a ponto do escritor gaúcho Luiz Coronel dizer que somos cativos de uma vanguarda retardatária na qual o passado já não se vê, o futuro não se revela e o presente não nos quer. Que esse lamento poético não seja um presságio de mau agouro, mas um sopro risonho na direção das impostergáveis mudanças que o Brasil reclama.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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