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Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2020
O governo de São Paulo anunciou na última segunda-feira (19) os primeiros resultados dos testes feitos no Brasil da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
De acordo com Dimas Covas, diretor do Butantan, a Coronavac se mostrou segura, mas ainda será necessário esperar pelos resultados dos testes de eficácia, que indicarão se a vacina protege ou não contra o novo coronavírus.
Com mais de 40 milhões de infectados e 1,1 milhão de mortos no mundo por causa da covid-19, há uma grande expectativa em torno não apenas dessa, mas das 196 vacinas que estão sendo desenvolvidas atualmente no mundo contra a covid-19, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Desse total, 44 já estão sendo testadas em humanos, das quais 10 estão na última fase desta etapa de pesquisa, a chamada fase 3, quando se verifica a eficácia. Entre elas está a CoronaVac.
A seguir, veja uma série de perguntas e respostas para esclarecer o que se sabe sobre essa vacina até o momento:
1) O que foi divulgado sobre efeitos adversos?
O governo de São Paulo divulgou que, entre os 9 mil voluntários que já participam dos testes da Coronavac no Brasil, 35% deles tiveram efeitos adversos.
Os mais comuns foram dor, edema e inchaço no local da aplicação, dor de cabeça e fadiga. Não foram detectados efeitos colaterais graves.
2) Por que já se esperava que os testes no Brasil apontassem que a Coronavac é segura?
Há dois motivos. O primeiro é que ela usa uma tecnologia bastante tradicional, diz o imunologista Aguinaldo Pinto, professor da Universidade Federal de Santa Catarina.
Essa vacina utiliza uma versão inativada do vírus. Isso quer dizer que o vírus foi exposto ao calor ou a produtos químicos para não ser capaz de se reproduzir.
Uma vez injetado na corrente sanguínea, o vírus é detectado pelo sistema imunológico, que desenvolve formas de combatê-lo.
Mas, como o vírus é incapaz de se reproduzir, não consegue deixar uma pessoa doente.
O segundo motivo é que os testes no Brasil apenas confirmaram o que já havia sido comprovado em etapas anteriores da pesquisa, como o próprio governo de São Paulo indicou.
Antes de ser testada aqui, a Coronavac foi testada na China para verificar sua capacidade de gerar uma reação do sistema imune e sua segurança e obteve bons resultados em ambos os critérios.
Naquela ocasião, o estudo concluiu que esta vacina teve índices bastante semelhantes ou mesmo menores de participantes com efeitos adversos.
3) Afinal, a Coronavac protege contra a covid-19?
É exatamente isso que os testes de fase 3 estão investigando. Estes testes estão sendo realizados não só no Brasil, mas também na Indonésia e na Turquia.
No Brasil, os testes de fase 3 serão feitos pelo Butantan com 13 mil profissionais de saúde voluntários com idades entre 18 e 59 anos, dos quais 9 mil já foram recrutados.
Eles são divididos em dois grupos: um recebe a vacina e outro, placebo. Nem os participantes nem os pesquisadores sabem em qual grupo está cada voluntário.
Ao fim do estudo, será analisada a proporção de pessoas que receberam a vacina e ficaram doentes para atestar sua eficácia.
4) Qual é a taxa de eficácia que uma vacina deve ter?
A imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, diz que, em geral, uma vacina deve ter uma taxa de eficácia de 70%, ou seja, ser capaz de proteger sete em cada dez pessoas que a tomarem.
“Porque aí a gente consegue atingir a chamada imunidade de rebanho, e há uma chance maior de proteger a população como um todo”, afirma Bonorino.
5) A Coronavac pode ficar pronta ainda neste ano?
O governo de São Paulo afirmou que espera poder fazer uma primeira análise de eficácia até novembro. Também anunciou anteriormente que a vacinação de profissionais de saúde teria início em 15 de dezembro.
6) Quem vai tomar a vacina primeiro?
João Gabardo, coordenador-executivo do centro de contingência da covid-19 de São Paulo, afirmou que são usados normalmente critérios de vacinação no Brasil que levam em conta o grau de exposição a uma doença e os grupos para os quais ela representa um maior risco de morte.
Isso inclui profissionais de saúde e segurança, portadores de doenças crônicas, idosos, pessoas que têm alguma imunodeficiência.
7) Vai ser obrigatório tomar a vacina?
João Doria disse na sexta-feira (16) que a vacina contra a covid-19 será obrigatória em todo o Estado. Segundo Doria, somente quem tiver um atestado médico que comprove que ele não pode ser imunizado será liberado.
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou que quem oferecerá a vacina será o Ministério da Saúde, mas “sem impor ou tornar a vacina obrigatória”.