Domingo, 27 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2023
A crise no Hurb (antigo Hotel Urbano) eclodiu publicamente nos últimos dias, mas os atrasos de pagamentos são sentidos pelo setor hoteleiro há cerca de dois meses. A inadimplência afeta mais hotéis de lazer de pequeno porte, com até 40 quartos. Ainda assim, executivos de grandes redes do setor afirmam que a tendência é que as cadeias mais consolidadas evitem fazer reservas ou algum negócio com a empresa sem pagamento antecipado.
Em conversas reservadas com o jornal O Globo, representantes do setor afirmam que o dano reputacional com o comportamento do ex-presidente João Ricardo Mendes agravou a situação da agência de viagens, mas que ainda há recuperação.
Ricardo Roman Junior, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em São Paulo (ABIH-SP), afirma que, apesar das dificuldades financeiras de outros operadores, o diagnóstico é que a crise do Hurb se deve mais a fatores pontuais da companhia e menos a problemas do segmento.
“É mais uma questão que a empresa teve com recebíveis de cartão de crédito. Para o setor hoteleiro, os atrasos começaram em janeiro e fevereiro. Nossa torcida é que eles consigam se reerguer. Se a empresa precisar de apoio do segmento, dentro do possível, iremos ajudar, mas precisa honrar compromissos. A mudança do CEO é positiva”, afirma.
Roman explica que os hotéis que fizeram reserva precisam atender os clientes, e, se for o caso, resolver o problema depois com o operador de viagens.
O nicho de atuação do Hurb, calcado em hotéis independentes de lazer de menor porte, é mais pulverizado, mas Roman estima que a empresa tenha entre 5% e 10% de participação de mercado. No segmento, a CVC está entre os maiores operadores, com maior capilaridade e escala.
Pagamento antecipado
Amílcar Mielmiczuk, diretor da Verdegente e ex-diretor de desenvolvimento da Blue Tree, afirma que a crise do Hurb causa sobretudo um dano de imagem para o setor, mas não deve ser um grande problema para redes hoteleiras.
“Médias e grandes redes abrem e fecham rapidamente o canal de vendas em caso de inadimplência de operadores e não devem estar muito preocupadas com isso. É diferente a situação do hotel de lazer de pequeno porte, com até 40 quartos e tíquete médio de diária de até R$ 500, aí pode ser mais complicado se ele for um parceiro desse operador”, afirma o executivo.
Um presidente de rede hoteleira com 60 unidades em cinco países, incluindo cinco resorts, explicou que o Hurb é um parceiro antigo, mas pequeno da cadeia. A inadimplência, mesmo assim, existe, ainda que reduzida. O executivo relata que a reação foi não confirmar uma série de reservas, mas diz esperar que a empresa se recupere.
No geral, diz esse executivo, o Hurb costuma oferecer pagamento antecipado a hotéis com descontos que podem chegar a 30% em compras feitas antes. Roman explica que esse modelo de negócio é importante para hotéis na baixa temporada porque diminuem a ociosidade da rede.
No mercado em geral, porém, a praxe é que hotéis recebam pagamento dos operadores em 20 ou 30 dias após confirmarem a reserva, sem descontos.
No setor aéreo, um executivo de uma das três grandes linhas aéreas afirma que o Hurb é pequeno em representatividade quando o tema é venda de bilhetes aéreos e que não tem tido, ainda, problemas de pagamento. Esse executivo descreveu, porém, que as vendas têm sido feitas com pagamento à vista. As informações são do jornal O Globo.