Sábado, 18 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 6 de junho de 2017
O BC (Banco Central) sinalizou ao mercado que pode reduzir o ritmo de corte de juros em meio ao cenário de incertezas provocado pela crise política. Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (06), o BC se concentrou nas turbulências e na necessidade de aprovação das reformas trabalhista e da Previdência.
O comitê relata que avaliou se sinalizaria ou não ao mercado que a Selic pode ter um ritmo de redução moderado na próxima reunião. Por um lado, a avaliação foi de que o impacto da crise sobre a inflação é incerto. “Por outro lado, salientou-se a necessidade, nesse momento, de oferecer direcionamento e elementos para reduzir a incerteza (e o escopo de possibilidades) sobre a trajetória futura da política monetária”, relata o documento.
Segundo a ata, o ritmo de cortes “continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”. No comunicado divulgado na quarta-feira (31), quando a Selic foi reduzida em um ponto percentual, o BC já havia focado nesse cenário, citando a palavra “incerteza” cinco vezes (o termo foi usado duas vezes na decisão de abril). Os juros foram reduzidos, por unanimidade, para 10,25% ao ano, o que era esperado pelo mercado após a delação da JBS atingir o presidente Michel Temer.
Antes da delação, o próprio BC considerava o cenário de inflação esperada abaixo da meta e de atividade econômica fraca e apontava para uma redução maior do que um ponto na reunião de maio. Como a delação do dono da JBS atingiu o presidente Temer, ameaçando a aprovação de reformas, a expectativa do mercado mudou de um corte de 1,25 ponto percentual para a manutenção do ritmo anterior. Foi o sexto corte consecutivo na taxa básica – o atual ciclo de redução começou em outubro do ano passado.
A ata diz que a crise política dificulta a queda mais rápida das estimativas para a taxa de juros “estrutural”, que depende de fatores como perspectivas para política fiscal, produtividade, melhor ambiente de negócios e redução do crédito subsidiado.
Lembrou também que a crise política pode ter efeitos opostos sobre a inflação. A manutenção por tempo prolongado de um cenário de incertezas teria efeito de redução da variação de preços sobre a economia. “Por outro lado, o impacto da incerteza sobre a formação de preços e sobre as estimativas da taxa de juros estrutural pode ter direção oposta”, afirma no documento. As reformas, enfatizou o comunicado, são fundamentais para manter a inflação sob controle. (Folhapress)