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Lenio Streck Desmascarando a indignação seletiva e os pesos e medidas!

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Porto Alegre passou por uma “treta” há poucos dias. (Foto: Cristine Rochol/PMPA)

Antes de tudo, aviso que o título é um trocadilho. Sobre o uso de máscaras.

Porto Alegre passou por uma “treta” há poucos dias. Na verdade, a treta continua. Um conhecido jornalista está sendo processado pelo Ministério Público porque fez comentário – segundo a interpretação de empresários, jornalistas e jornaleiros, assim como de entidades policiais e Ministério Público – desairoso contra policiais e/teria feito ode ao crime.

Não vou discutir o mérito dessa controvérsia. O Ministério Público ingressou com ação por dano moral coletivo contra o jornalista e a empresa. O juiz parece que não concordou tanto assim com o pedido e mandou que o Promotor emendasse a inicial, coisa que nem advogados gostam de fazer. Corre o risco o MP de a ação ser fulminada na origem. A ver.

Mas quero ir além disso e falar de critérios. E pesos e medidas. Vejam: não foi um presidente da república quem disse que se ganhasse um salário mínimo daria um tiro na cabeça? Isso é ode ao suicídio? Sei, faz tempo isso. E o atual Presidente da República não disse, imitando uma metralhadora, que… vocês sabem bem o que ele disse. E quando o Presidente imita uma arma com a mão, isso é o quê?

E quando pessoas, nos meios de comunicação, incentivam à desobediência?

Na quinta-feira, dia 10, descia eu a serra e zapeava pelas rádios. Numa delas, era por volta das 15h50min, um comunicador – de cariz conhecidamente bolsonarista – fazia uma dura crítica ao uso de máscaras. E se mostrava indignado com as pessoas que, segundo ele, corriam na orla do Guaíba usando a máscara. Isso é o quê? MP podia ver isso, não? Ode à desobediência…!

Bom, eu não tenho problema com isso. Para mim, tudo isso é liberdade de opinião e imprensa. Mas o Ministério Público poderia requerer a gravação e fazer uma ação por dano moral coletivo contra o conhecido radialista. O MP não está pleiteando dano moral coletivo em relação ao comentário sobre o assalto em Criciúma? Outro dia, esse mesmo radialista – o que criticou o uso de máscaras – entrevistava um médico que tecia loas à Suécia. Isso há uns dois meses. E agora se vê como está a Suécia. Tem de ver o diálogo entre os dois. Pobre de quem defende distanciamento social e quejandos.

Outro conhecido radialista dizia que a COVID era uma gripezinha. Pegou o vírus, esteve mal e agora critica a omissão do Presidente Bolsonaro. E assim a nave vai.

Indignação seletiva: eis o que vemos cotidianamente. O mesmo sujeito quem se coloca, de forma histriônica, contra a corrupção, passa panos quentes na declaração do Major Olímpio, quando falou, em entrevista ao jornalista que pegou COVID, que o toma lá dá cá de agora é o que nunca se viu antes no Parlamento. Eu ouvi. Ele se quedou silente…

O que é isto, a coerência? Arthur Lira é o candidato do governo à Presidência da Câmara. Sim, é isso mesmo. As criticas dele ao que passou (impeachment da Dilma, por exemplo) – ele publicou contundente artigo sobre isso na Folha de São Paulo desta semana – só valem até um pedaço. Leiam:

“Erra quem imagina que inviabilizar ou asfixiar o atual governo, do ponto de vista fiscal, vai deixar espaço para a sobrevivência do sistema democrático como um todo. A democracia já estava em vertigem em 2016, no impeachment da presidenta Dilma, depois com o Estado policial, a criminalização da política, a prisão de Lula, as duas tentativas de derrubar Temer e a eleição frenética de 2018. Se a democracia sofrer uma nova alucinação, ela sai da vertigem para o tombo.”

E vamos tocando o barco. A nave vai. E a indignação segue…seletivamente.

Saludo. Cuidemo-nos. E usemos máscaras. Mesmo que o radialista faça campanha contra.

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https://www.osul.com.br/desmascarando-a-indignacao-seletiva-e-os-pesos-e-medidas/ Desmascarando a indignação seletiva e os pesos e medidas! 2020-12-12
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