Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2025
Os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas no último final de semana
Foto: FreepikO dólar fechou em queda de 0,40% nesta segunda-feira (23) cotado a R$ 5,5026. Já o Ibovespa teve queda de 0,41%, aos 136.550 pontos. Os investidores avaliam os desdobramentos do conflito entre Israel e Irã no final de semana, quando os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas. A entrada do país inicialmente aumentou a temperatura do conflito.
Em seguida, o Parlamento iraniano aprovou o bloqueio do Estreito de Ormuz em retaliação ao ataque americano. A rota marítima é a mais importante do mundo para o transporte do petróleo e a possibilidade de bloqueio pode pressionar os preços para cima e causar inflação no mundo.
Já nesta segunda, o Irã respondeu com ataques de mísseis balísticos contra a base aérea americana de Al-Udeid, no Catar, um dos principais centros militares dos EUA no Oriente Médio. Mas a interpretação do mercado é de que a resposta foi comedida e pode não evoluir.
O presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou os efeitos da resposta iraniana e disse que “com sorte, não haverá mais ódio”.
“Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez agora o Irã possa seguir rumo à paz e harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo”, disse Trump.
Os confrontos entre Israel e Irã começaram em 13 de junho. Militares israelenses lançaram uma operação para destruir alvos nucleares iranianos, e Teerã retaliou com mísseis contra cidades como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.
Os bombardeios já causaram mais de 240 mortes e milhares de feridos, segundo dados oficiais. Instituições independentes, no entanto, estimam que o número real pode ser ainda maior.
Nesta segunda-feira (23), Israel anunciou ataques com “forças sem precedentes” contra o Irã. Entre os alvos estão uma prisão conhecida por abrigar presos políticos, a instalação nuclear fortificada de Fordow e um quartel da Guarda Revolucionária em Teerã.
Horas depois, o Irã retaliou lançando mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar — a maior instalação militar dos EUA no Oriente Médio, com mais de 10 mil soldados.
A escalada do conflito havia pressionado os preços do petróleo e os mercados globais. No entanto, a resposta controlada de Teerã trouxe alívio aos mercados e provocou queda nos preços da commodity.
Na avaliação de analistas, o ataque do Irã e a ausência de ações para interromper o tráfego de petroleiros no Estreito de Ormuz mostram que a commodity não será o alvo principal iraniano. Além disso, há expectativa de que o conflito não escale.
Um eventual bloqueio do Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido globalmente — poderia provocar uma disparada nos preços.
O Parlamento iraniano aprovou o fechamento da rota marítima como retaliação aos ataques dos EUA. No entanto, a medida ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Khamenei, o que ainda não ocorreu.
Na noite de segunda, Trump anunciou cessar-fogo no Oriente Médio. Os dois países não confirmaram. Os agentes financeiros também se preocupam com o fim do prazo de suspensão do tarifaço imposto por Trump, que afetou mais de 180 países. Washington ainda busca concluir acordos com seus principais parceiros.
No Brasil, a agenda do dia estava vazia e todos aguardam a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada na terça-feira (24). O mercado deve buscar por mais pistas sobre o futuro da taxa básica de juros, que chegou aos 15% ao ano, maior patamar em quase 20 anos.
No comunicado, divulgado após a decisão da semana passada, o Copom declarou que pretende interromper a elevação da Selic para observar seus impactos na economia, e que os juros devem seguir elevados por um período “bastante prolongado”.
Na quarta-feira (18), o comitê elevou a Selic para 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. Em julho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa estava em 15,25% ao ano.
Juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
A ata será fundamental para revelar a percepção do BC sobre temas relevantes para a política monetária. Além dos efeitos do petróleo sobre a inflação, há incertezas quanto aos impactos da guerra tarifária de Trump nos preços e no câmbio.