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Ali Klemt Dos vagalumes da vida

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Depois de exercer o seu papel de cidadão brasileiro neste domingo e escolher os seus representantes pelos próximos 4 anos (faça isso ou então não reclame depois – lembre-se: se não quer ajudar, ok; mas depois não atrapalhe!), vamos falar de outro papel que você precisa encarar: o papel de ser humano nesta existência.

Sim, eu não estou sob efeito de psicotrópicos: somos seres espirituais em uma experiência humana. O que faremos, então, nessa jornada?

A minha busca espiritual teve um grande divisor de águas. Eu ansiava por respostas que a religião não conseguia me dar. Eu precisava ter fé, mas a doutrina religiosa não tocava o meu coração. Veja, eu respeito absolutamente todas as crenças – elas apenas não faziam sentido para mim.

Então fui a Machu Picchu. Mas não pense você que a minha ida tinha algum cunho sabático. Nada disso. Fui passear mesmo, fazer turismo, tirar fotos e abraçar lhamas. Eu não contava com um elemento surpresa: aquele local é carregado de uma energia descomunal!

Tudo começa em Cusco. Essa pequena cidade incrustada no Vale Sagrado dos Incas que sofreu profundamente com a colonização espanhola, mas encontrou força no fundo de suas entranhas de pedras para resgatar a sua cultura ancestral e reapresentá-la ao mundo. O local, cujo nome significa “umbigo do mundo”, é definitivamente mágico. E é ali que começa a jornada para a cidade perdida.

Os mais aventureiros trilham a pé o caminho até Águas Calientes, o povoado que fica aos pés de Machu Picchu. Eu, é claro, fui de trem e calhou de, nesse trajeto, acontecer um dos encontros mais significativos que já tive com estranhos até hoje.

Lembro até hoje do senhor norte-americano que sentou à minha frente. De bengala, com sobrepeso e idoso, eu me peguei pensando como raios ele pretendia subir a “velha montanha” naquela condição física. Começamos a conversar.

Ele me contou da sua vida e do seu longo casamento com a esposa. Como eles tinham planos de viajar pelo mundo inteiro quando se aposentassem. Que guardaram dinheiro por anos para desbravarem os países mais diversos quando a jornada de trabalho tivesse findado. Falava nela com brilho nos olhos e aquele meio sorriso de quem verdadeiramente ama. Porém, a 1 ano da sua aposentadoria, ela teve câncer. E faleceu.

Em um piscar de olhos, o sonho a ser realizado junto se tornou impossível, mas, após o luto, ele resolveu seguir em frente e realizar sozinho o sonho de ambos – e eu tenho certeza de que ela em algum plano estava junto.

Aquele depoimento atingiu o meu coração como uma flecha: a vida é aqui e agora. A vida é realizar sonhos, buscar a felicidade, evoluir como ser humano através do amor simplesmente – do amor romântico, mas também do amor ao próximo, do amor à cultura alheia, do amor às experiências e do amor a cada pequeno detalhe que compõe esse universo. Estrelas, flores, pedras, vagalumes. É o olhar amoroso e o coração aberto que nos tornam seres melhores. Simples assim.

Em meio ao meu devaneio existencial, ele riu, olhou para si e disse: “então resolvi começar a realizar o nosso sonho pelos destinos mais difíceis enquanto ainda estou bem”. Eu olhei para aquele senhor, que poderia encontrar mil e uma desculpas para não sair do sofá em frente à TV… que lição de vida em uma simples conversa aleatória nesse percurso de trem em um cantinho perdido no mundo!

A partir dali, uma nova percepção se abriu para mim. Venho em uma jornada espiritual que inclui muito estudo (um pouquinho todos os dias) e algumas convicções pessoais que mudaram a minha vida: não julgar os outros, não falar mal das pessoas, ser gentil, fazer o bem, respirar profundamente, ter pensamentos positivos sobre todas as coisas. Se eu consigo sempre? É claro que não! Sou humana, pelamordedeus. Mas eu tento. Tento de verdade. E isso eu posso garantir: o caminho dessa vida pode continuar sendo longo e tortuoso, mas o peso que você carrega se torna muito, muito mais leve. Com menos carga, você não se arrasta por essa vida: você flui. E ainda tem ânimo para observar os vagalumes que brilham ao seu redor.

 

Ali Klemt – Comunicadora da Rede Pampa

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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