Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2024
A direção nacional do União Brasil desistiu de lançar o líder do partido na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA), como candidato à presidência da Casa. Em reunião nessa quinta-feira (31), a executiva do partido decidiu criar uma “delegação” para negociar o provável apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) – deputado que recebeu apoio de diversos partidos nos últimos dias e passa a ser favorito na disputa.
Câmara e Senado vão eleger novos presidentes em fevereiro de 2025. Quem suceder Arthur Lira (PP-AL) vai comandar a Câmara em 2025 e 2026 – e, se for reeleito deputado, poderá disputar também a reeleição no posto.
Em entrevista após a reunião, Elmar disse que segue candidato e que conversará com Motta e com outros envolvidos nas “pré-campanhas” – como o deputado Antônio Brito (PSD-BA) e o presidente do PSD, Gilberto Kassab.
“Me mantenho candidato […] Não tenho resistência em desistir nem continuar. Minha candidatura não é minha. Nunca tratei no pessoal. É nossa, é do meu partido e dos partidos que me apoiaram. Isso tem que ficar submetido a uma avaliação deles. [A decisão de criar uma delegação] significa um voto de confiança da bancada de ter mais uma reunião, de nós três, de tomar uma decisão em nome da bancada”, disse Nascimento.
A tendência, de acordo com parlamentares do partido, é de que, após as tratativas, Elmar formalize a desistência na disputa. A bancada do partido na Casa deve voltar a se reunir na próxima terça (5).
Recuo
O recuo do União começou a ser articulado na quarta (30), um dia depois de Motta oficializar sua candidatura e receber o apoio formal de Lira na disputa.
A “delegação” do União Brasil que vai negociar os acertos finais para o apoio a Hugo Motta é formada por três dirigentes do partido:
* o presidente da sigla, Antonio Rueda;
* o vice, ACM Neto;
* e o próprio Elmar Nascimento, que segue como líder do União na Câmara.
O partido teme que, se não aderir à candidatura de Motta e o deputado vencer a disputa, o União acabe ficando sem espaço na Mesa Diretora da Câmara e no comando de comissões.
Já se anunciar apoio, o União Brasil pretende pleitear a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, mais importante colegiado da Casa, e uma das vice-presidências da Câmara.
“Desidratou”
Antes favorito a suceder Lira, Elmar Nascimento viu o seu nome desidratar ao longo dos últimos três meses, enfrentando dificuldade para reunir apoios e sem unanimidade dentro do próprio partido.
Elmar havia conquistado indicativos de apoio do PDT e do PSB, que, agora, devem rever seus posicionamentos.
O baiano, que antes era o favorito de Lira, tem dito frequentemente se sentir traído pelo presidente da Câmara, a quem ele classificou como seu “melhor amigo”.
Lira sinalizava, há meses, que poderia anunciar apoio a Elmar. Mas, em setembro, em uma reviravolta na disputa, o alagoano decidiu apoiar Hugo Motta depois de o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, abrir mão de sua candidatura, em uma tentativa de construir consenso em torno de um nome mais viável politicamente.
Elmar passou, então, a articular uma candidatura de oposição ao candidato de Lira. Ele mudou a estratégia para tentar reunir apoio junto à base governista na Câmara, construindo uma aliança com o PSD — que ainda tem um candidato a presidente da Casa, Antonio Brito (BA) — para um eventual segundo turno da disputa. Nada surtiu efeito.
Membros da cúpula do União Brasil decidiram rifar Elmar após um encontro com o candidato do Republicanos, ainda na quarta. E o ex-“melhor amigo” de Lira recebeu a notícia pessoalmente, em um jantar, com o presidente nacional do partido, Antônio de Rueda.
Na manhã dessa quinta, a executiva nacional do partido, que reúne deputados, senadores, governadores e ministros, discutiram o encaminhamento tomado pelos dirigentes da legenda. No fim, prevaleceu o entendimento de que o União deveria avaliar o embarque na candidatura de Motta.
“A candidatura não é minha. É do meu partido e dos que me apoiam. Não posso colocar minha vontade acima disso”, disse Elmar Nascimento na chegada do encontro.
Motta
Com o embarque do União Brasil, a candidatura de Hugo Motta se consolida como a maior força na disputa pela sucessão de Arthur Lira. O resultado representa uma vitória da articulação de Lira.
O líder do Republicanos conquistou os endossos das duas maiores bancadas partidárias da Casa: o PL (92 deputados) e o PT (68). Motta também obteve apoio do PP (50), MDB (44), Republicanos (44) e Podemos (14).