Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2016
Percorrer as ruas de Miami, nos Estados Unidos, de táxi não requer carteira ou cartão de crédito: paga-se a corrida com o celular, usando o Android Pay. Na também americana Las Vegas, outdoors cobrem fachadas inteiras de cassinos e hotéis: ali, aceita-se Samsung Pay. Em outras grandes cidades dos EUA, compra-se de tudo com o Apple Pay. Somados aos cartões de crédito, débito e pré-pagos, os três produtos parecem indicar um futuro em que as velhas notas de papel serão exclusividade de colecionadores.
Em uma pesquisa com 1.903 pessoas feita pela IEEE, umas das maiores associações de profissionais de tecnologia do mundo, 70% dos entrevistados, todos tecnologistas, dizem que os pagamentos móveis serão seguros o suficiente para que o dinheiro vivo esteja morto até 2030. Por outro lado, um estudo da consultoria Accenture, conduzido entre junho e julho do ano passado, dá conta de que 52% dos americanos conhecem muito bem o “mobile payment”, modalidade em que se paga usando um dispositivo móvel, mas só 18% deles usam o meio digital com regularidade.
Sistema no Brasil.
Em breve, pelo menos um desses sistemas móveis chega ao Brasil – o da sul-coreana Samsung, que já tem parceria com bancos brasileiros, redes de cartões de crédito e empresas de captura (que, entre outras coisas, fabricam as maquininhas de cartão). A julgar pelo mercado dos EUA, ainda com baixa adesão do pagamento móvel em relação ao tradicional mercado de cartões de plástico, será um desafio.
Especialmente com uma população com baixa taxa de bancarização, como a brasileira, se comparada à americana. “Você tem uma grande parte da população da América Latina que não tem acesso a serviços financeiros básicos”, diz Gilberto Caldart, presidente da MasterCard para a América Latina. “Se não tem nem esses serviços básicos, você está desalojado do mundo de serviços digitais.”
No caso dos pagamentos móveis, confiança e facilidade de uso são duas coisas em que o mercado aposta para que mais e mais pessoas passem a fazer compras com seus dispositivos. O problema é que nem sempre elas andam juntas. Conforme Henry Trejgier, vice-presidente de marketing da Gemalto para a América Latina, empresa de soluções de segurança financeira, pode-se usar um hardware seguro, como os chips dos cartões tradicionais, para guardar informações ou substituir esses dados por códigos que perdem a validade de acordo com algum critério, como número de transações.
No Apple Pay, por exemplo, basta autenticar a compra com um método seguro, como a impressão digital, e o dispositivo transfere esse código, chamado token, para que seja decodificado e autorizado pelo banco. “Se a gente simplificar a experiência do usuário, ele vai migrar [para os meios móveis]”, diz Pedro Coutinho, que foi vice-presidente de varejo do Banco Santander e hoje é presidente da Getnet, empresa que faz a intermediação dessas transações (como a Cielo). O executivo, no entanto, não acredita no fim do dinheiro vivo. “Pagamentos móveis, com cartões ou com dinheiro são complementares.” (Folhapress)